São Paulo - O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, afirmou que a competitividade do setor de carne bovina não pode depender somente do câmbio. "Com um dólar mais forte sobre o real fica mais fácil de exportar, porque o produto acaba ficando mais barato. Mas o nosso desafio é não deixar que nossa competitividade dependa somente do câmbio. Temos que trabalhar outras áreas, como os relacionamentos setor-governo, adaptações às alterações nas legislações tributárias e trabalhistas, desonerações, entre outros", disse.
Ele comentou que um câmbio a R$ 2,10/R$ 2,20 "dá para trabalhar", mas ele não cita um valor ideal para o ano e para os negócios. Esse cenário favorável às exportações colaborou para a receita cambial recorde das vendas externas de carne bovina entre janeiro e maio, com embarques de US$ 2,5 bilhões, alta de 15% ante o mesmo período do ano passado.
"Conseguimos os números mesmo com preços menores em dólar por conta da mudança no mix de produtos vendidos às economias em crise, que estão preferindo itens mais baratos", explicou.
O setor de carne bovina ainda enfrenta algumas restrições de países que suspenderam suas compras por conta do evento priônico em uma vaca morta no Paraná em 2010. Conforme Sampaio, a reversão desses embargos temporários pela China, por exemplo, apesar da reunião com as autoridades chinesas e brasileiras no início do mês, não tem previsão de ocorrer.
"Aguardamos a decisão, favorável, do Japão ainda neste mês. A Arábia Saudita, outro grande mercado para a proteína brasileira, visitará unidades frigoríficas em setembro e, a partir das conclusões, pode reverter a suspensão. Kuwait e Qatar devem seguir a decisão da Arábia Saudita", disse.
Já em relação a países como Líbano, África do Sul, Coreia do Sul e outros, a Abiec tentará resolver as suspensões em reuniões bilaterais do Comitê sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) da Organização Mundial do Comércio, a serem realizadas entre os dias 26 a 28 de julho. Sampaio também comentou que o relacionamento pecuarista-produtor tem melhorado, mas que ainda é necessário grande avanço nesse quesito. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG