Ubabef busca mercado para carne de frango

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China e México são os países-alvo da estratégia comercial da avicultura brasileira para ampliar exportações

Nestor Tipa Júnior

Com uma extensa agenda em Brasília, os dirigentes da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) mantiveram reuniões ontem com representantes do Ministério da Agricultura. Encaminharam pedidos para a abertura e reabertura de mercados, como a China e o México. Sobre este assunto, os líderes do setor avícola debateram com os secretários de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto, e de Defesa Agropecuária, Ênio Marques.

De acordo com o presidente da Ubabef, Francisco Turra, três plantas frigoríficas estão impossibilitadas de exportar carne de frango para os chineses por problemas de informação e outras 13 ainda esperam habilitação final para começar os embarques. “Existe muita burocracia. Às vezes depende das autoridades chinesas, que demoram nas respostas, ou então de algum erro de tradução que acaba interferindo no processo. O que temos que garantir é que não sejamos os culpados pelos atrasos nestas questões”, afirma Turra.

Em relação ao México, o otimismo do setor avícola brasileiro se dá após o anúncio do governo local em isentar de tarifas a importação de 300 mil toneladas por ano, o que, nos cálculos de Turra, pode acrescentar um volume de 30 mil toneladas/mês para as exportações brasileiras. “A grande dificuldade do mercado mexicano se dava por causa de um acordo com o Nafta onde só poderiam importar carne de frango dos Estados Unidos. Mas o México teve um episódio de gripe aviária, o que deu esta abertura para outros países poderem entrar no mercado deles”, avalia o presidente da Ubabef.

A boa notícia da reunião foi a aproximação com a Malásia, que pode abrir o mercado para a carne de frango brasileira nas próximas semanas. Segundo Turra, uma missão do país asiático deve desembarcar no Brasil nos próximos dias para identificar frigoríficos, e um acordo deve ser fechado em breve.

Em outra reunião, Turra e os representantes da Ubabef conversaram com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, sobre a preocupação com o abastecimento de milho para as agroindústrias produtoras de carne de frango. O setor pede a regulação da distribuição do grão. “Precisamos de uma proposta que não prejudique os produtores com uma redução de preços, mas também não desabasteça as agroindústrias e crie um problema de falta de produto no mercado”, ressalta.

No mês de maio, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foram embarcadas para o exterior 275,7 mil toneladas de milho, o que representa uma alta de 75,2% em relação a maio de 2012, quando foram exportadas 164,8 mil toneladas.

Competitividade vai além do câmbio, diz Abiec

O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, afirmou que a competitividade do setor de carne bovina não pode depender somente do câmbio. “Com um dólar mais forte sobre o real fica mais fácil de exportar, porque o produto acaba ficando mais barato. Mas o nosso desafio é não deixar que nossa competitividade dependa somente do câmbio. Temos que trabalhar outras áreas, como os relacionamentos setor-governo, adaptações às alterações nas legislações tributárias e trabalhistas, desonerações, entre outros”, disse.

Ele comentou que com um câmbio a R$ 2,10/R$ 2,20 “dá para trabalhar”, mas não cita um valor ideal para o ano e para os negócios. Esse cenário favorável às exportações colaborou para a receita cambial recorde das vendas externas de carne bovina entre janeiro e maio, com embarques de US$ 2,5 bilhões, alta de 15% ante o mesmo período do ano passado. “Conseguimos os números mesmo com preços menores em dólar por conta da mudança no mix de produtos vendidos às economias em crise, que estão preferindo itens mais baratos”, explicou.

O setor de carne bovina ainda enfrenta algumas restrições de países que suspenderam suas compras por conta do evento priônico em uma vaca morta no Paraná em 2010.

Inquérito sobre doenças entra na fase final

As equipes de campo da Secretaria da Agricultura do Estado concluíram os testes de tuberculose e a coleta de amostras para exames de brucelose em bovinos em 1065 propriedades espalhadas em sete diferentes regiões do Estado. Ao todo, mais de 11 mil exames foram realizados.

O trabalho a campo foi concluído dentro do prazo previsto. Agora, o soro vai para o exame de brucelose no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor. Com os laudos prontos, a Secretaria Estadual da Agricultura vai colocar em ação uma força-tarefa para a digitação dos resultados, já na plataforma do Laboratório de Epidemiologia e Bioestatística da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). “Esta é a parte mais demorada, depois do trabalho de campo, pois os resultados de cada um dos animais testados precisam ser digitados com muita atenção para evitar erros”, explica Ana Cláudia Groff, coordenadora do Programa de Controle e Erradicação de Tuberculose e Brucelose da secretaria.

Com base nos dados obtidos no inquérito, a secretaria, em conjunto com o Ministério da Agricultura, vai definir o prosseguimento das estratégias de controle e erradicação adotadas no Estado. Para o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber, o resultado do inquérito, juntamente com as políticas que deverão ser estabelecidas, traz mais segurança e qualidade para o rebanho gaúcho. Conforme Kerber, é importante também a participação do produtor ao longo de todo o processo, comunicando à inspetoria qualquer sintoma verificado nos animais.” 



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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