Credores da francesa Doux Frangosul estão descontentes com a JBS, que alugou os ativos da empresa de aves no Brasil há cerca de um ano.
Segundo reportagem do "Financial Times", esses credores afirmam que não estão vendo os benefícios do acordo entre as duas empresas. E mais: alegam que o acordo violaria seus direitos sobre os ativos da Doux Frangosul, muitos dos quais foram dados como garantia pela francesa para débitos agora não pagos. Na reportagem, a JBS nega qualquer violação, rejeita responsabilidade sobre as dívidas e diz que "não são esses ativos que são os devedores, mas as companhias que os controlam".
Com dívidas da ordem de R$ 1 bilhão com credores, a Doux Frangosul decidiu arrendar suas unidades para a JBS, com opção de compra, em maio do ano passado.
O "Financial Times" informa que o fundo Oppeheimer, com os quais a Doux Frangosul tem dívidas de US$ 60 milhões, alega que o acordo com a JBS viola a chamada alienação fiduciária em relação à unidade de Passo Fundo. Conforme o jornal, a alienação fiduciária dá ao credor direitos sobre um ativo e proíbe seu aluguel, venda ou transferência para terceiros em caso de falência.
Ainda segundo o "FT", o Deutsche Bank alega, na Justiça dos EUA, que a JBS está usando as antigas operações da Doux no Brasil por meio de um acordo de leasing "com preços abaixo do mercado, mas não assumiu nenhuma das obrigações da Doux com seus credores". Outro fundo, o Ashmore, pede o pagamento imediato de uma dívida de US$ 40 milhões da Doux Frangosul, segundo o FT.
Conforme o jornal britânico, o Oppenheimer alega que nem a Doux Frangosul nem a JBS deram detalhes do acordo de aluguel, fizeram qualquer reembolso ou entraram em contato para discutir o assunto. A matriz da Doux na França afirma, contudo, que conversas sobre o tema estão em curso. Acrescenta que "até agora, mais de R$ 150 milhões foram pagos aos credores" e que os débitos existentes estão sendo negociados diretamente com credores.
Veículo: Valor Econômico