França reage a fim de subsídio a frango congelado

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Produtores de frango da França estão em pé de guerra contra a União Europeia (UE) em consequência da eliminação imediata da subvenção para a exportação do produto congelado. Alegam que a medida, além de afetar empregos no país, vai beneficiar seus concorrentes do Brasil.

A França é o maior país produtor europeu de carne de frango, mas esse segmento perdeu vigor e seu superávit comercial degringolou - passou de € 1,2 bilhão, em 2000, para € 171,8 milhões no ano passado, refletindo a perda de competitividade crescente.

No dia 19 deste mês, a UE cortou de vez subsidio de € 55 milhões para a exportação de frango congelado. Desse montante, 93% eram destinados aos produtores franceses. A ajuda já vinha caindo, de € 21,70 por 100 quilos, em outubro, para € 10,85 em janeiro.

Mas acabar de vez com a ajuda, que chega a representar cerca de 30% da renda de alguns produtores, provocou reação imediata na França. O Ministério da Agricultura do país fala de "brutalidade", e produtores recorreram à Corte de Justiça da União Europeia alegando que o fim dessa subvenção específica ameaça empregos e fragiliza ainda mais o setor.

Os produtores aguardam uma decisão nesta semana ou na semana que vem, e esperam que Bruxelas volte atrás. Insistem que precisam do dinheiro até o começo de 2015 para concluir seus programas de restruturação. Alegam que precisam da subvenção para conter a forte concorrência dos produtos brasileiros, que se beneficiariam de custo do trabalho mais barato e de ligeira desvalorização do real recentemente, fazendo suas exportações mais baratas.

Mais realista, o governo francês tenta obter a manutenção do subsídio pelo menos até o começo de 2014, o que de toda maneira representa mais de 20 milhões de euros de ajuda, um fôlego para o setor num momento de crise. "Nosso alvo não é o produtor brasileiro, e sim não perder fatias de mercado no estrangeiro", disse um porta-voz do Ministério francês da Agricultura ao Valor.

Produtores na Bretanha, que recebiam 60% do subsídio para a exportação de frango congelado, não se conformam com a decisão da UE, que na verdade era prevista há tempos. m frigorífico da Bretanha, o Tilly-Sabco, informa que não só a França, mas a indústria europeia de frango em geral, tem um problema estrutural de competitividade com o Brasil.

Estima que a diferença no custo de produção entre a Europa e o Brasil diminuiu consideravelmente desde 2010, e que ela estaria hoje em € 350 por tonelada.

Com os subsídios de um lado e os crescentes custos no Brasil do outro, a expectativa era de baixar a diferença no custo de produção para € 250 por tonelada até 2020.

Na verdade, alega o produtor francês, as empresas europeias precisam de ajuda por mais cinco a sete anos para um dia poderem enfrentar em melhores condições a concorrência brasileira em outros mercados.

A Tilly-Sabco afirma ter plano de investimento de € 21 milhões entre 2013-2017, para poder enfrentar os brasileiros. Isso inclui aportes na modernização da produção, no aumento da capacidade e no desenvolvimento de outros produtos, como salsicha.

Produtores franceses alegam que, se o subsídio específico para exportação de frango congelado for realmente eliminado agora, pelo menos quatro mil empregos estão ameaçados.

Num país com desemprego em alta e comércio exterior acumulando déficit de 65 bilhões de euros no ano passado, só resta mesmo ao governo socialista de François Hollande comprar a briga dos produtores, mesmo se isso pareça inútil diante da firmeza da Comissão Europeia de forçar os produtores a depender menos de subsídio e responder mais à demanda do mercado.



Veículo: Valor Econômico



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