A Rússia voltou a assustar os exportadores de carne suína do Brasil. A última missão de vigilância sanitária russa ao País levantou problemas com relação ao cumprimento das normas fitossanitárias, e o presidente do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia, Serguêi Dankvert, ameaçou com a suspensão das importações.
"Se as avaliações das novas inspeções de produtores da carne suína brasileira não mudarem, a importação desse produto poderá ser proibida", declarou o funcionário russo.
Um dos problemas foi a identificação do estimulador de crescimento muscular ractopamina na produção dos fabricantes inspecionados.
A missão foi realizada entre o fim de junho e metade de julho para verificar o cumprimento das exigências da União Aduaneira Eurasiática (Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão) sobre o uso de ractopamina.
Os especialistas russos também acusaram o serviço de vigilância brasileiro de não ter tomado as medidas necessárias para corrigir falhas anteriores. "Na última inspeção, os fornecedores não conseguiram apresentar os resultados de todos os testes de matéria-prima e produto pronto que seguem os índices de segurança usados pela Rússia e pela União Aduaneira", afirmou Dankvert.
Em entrevista ao DCI, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Vargas, minimizou a situação e disse que acredita que a ameaça foi fruto de um mal-entendido. "Essa missão avaliou três empresas que ainda não estavam exportando. Tinha uma série de aspectos delas que não atendiam à legislação russa, só à brasileira. Agora essas empresas vão tomar as providencias para corrigir o que for necessário e vão se candidatar" para exportarem à Rússia, afirmou. "Talvez tenham entendido que [as empresas fiscalizadas] eram habilitadas e tenham feito essa colocação", diz.
Segundo Vargas, o governo brasileiro deve encaminhar nesta segunda-feira um documento "com todos os esclarecimentos e ações para esclarecer os pontos que eles colocaram", e, na quarta-feira, está agendada uma reunião entre o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura do Brasil, Ênio Marques, e o presidente do Serviço de vigilância fitossanitária russo.
"O setor de suínos não tem porque ficar com receio de que isso venha afetar a exportação da carne", assegurou o líder da Abipecs.
No primeiro semestre, o Brasil exportou 69 mil toneladas de suínos à Rússia por US$ 201,3 milhões. O país é o principal destino dos embarques de suínos brasileiros, com 28,7% de participação.
Veículo: DCI