Varejistas querem comprar cortes com osso de abatedouros e atacadistas, desagradando frigoríficos e criadores
Supermercadistas abriram uma polêmica com frigoríficos e pecuaristas ao solicitar à Secretaria de Agricultura a revisão das normas de entrada de carne bovina no Rio Grande do Sul.
O pedido da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) é para que os varejistas possam comprar cortes com osso diretamente de abatedouros e atacadistas de outros Estados.
Atualmente, a mercadoria só pode ingressar em solo rio-grandense se vier diretamente de um frigorífico com inspeção federal de alimentos (SIF) para um entreposto ou abatedouro gaúcho com SIF ou inspeção estadual (Cispoa). De acordo com a Agas, isso torna o preço da carne mais caro ao consumidor, na medida em que é necessária a intermediação de um frigorífico ou distribuidor local na negociação.
– No momento em que existe uma reserva de mercado, é o consumidor quem paga a conta. A costela poderia estar 12% mais barata se pudéssemos trazer direto – afirma Antônio Longo, presidente da Agas, acrescentando que o peso da carne na cesta básica passou de 33,16% das despesas em 2005 para 38,82% em 2008.
O secretário de Agricultura, João Carlos Machado, informa que o pedido ainda não chegou a suas mãos e que deve ser analisado por toda a cadeia produtiva.
Ao contrário da Agas, o Sindicato das Indústrias da Carne do Estado (Sicadergs) acredita que liberar novamente as compras diretas de produto de fora põe em risco o rebanho gaúcho. É a mesma posição da Federação da Agricultura (Farsul), que defende cautela nas questões de sanidade animal, além de temer que a liberação reduza a demanda por gado gaúcho para abate, derrubando o preço do quilo vivo do boi.
Por outro lado, os frigoríficos projetam aumento da entrada de carne com osso no Rio Grande do Sul, devido ao alto preço da matéria-prima no Estado, destaca Zilmar Moussalle, diretor-executivo do Sicadergs. Isso porque o quilo da carcaça gaúcha oscila entre R$ 5 e R$ 5,10 enquanto a oriunda do Brasil central fica em R$ 4,90.
Entenda o caso
> Até o final de 2005, os supermercados podiam comprar carne direto de frigoríficos de outros Estados livres de febre aftosa
> No final de 2005, com focos em Mato Grosso do Sul e Paraná, a entrada de carne de outros Estados foi suspensa.
> Para carne com osso, a entrada no Estado só foi autorizada no final de 2007, desde que viesse de estabelecimento com inspeção federal (SIF) direto para um estabelecimento gaúcho com SIF ou com inspeção estadual (Cispoa).
> Em 2008, a Secretaria de Agricultura recebeu 4,54 mil solicitações de entrada de carne com osso – 17,164 mil toneladas.
> No Estado, 133 frigoríficos ou entrepostos têm Cispoa e 27 têm o SIF.
Veículo: Zero Hora - RS