Pecuária de corte: foco na competitividade

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O Brasil reúne condições favoráveis ao desenvolvimento e sustentabilidade das cadeias produtivas. Há disponibilidade de grandes áreas agricultáveis e para a produção de carnes. O clima é tropical. As políticas agrícolas oferecem créditos de investimento, custeio e comercialização. A defesa agropecuária é eficiente. Produtos agroquímicos e tecnologias que otimizam o uso do solo são aplicados adequadamente.

Todos esses fatores propiciam o que há de mais relevante: produtores encorajados, ávidos por um aumento da produção, investimento de capital e riscos assumidos. O resultado é um agronegócio bem-sucedido, com uma pecuária de corte que não fica para trás.

A questão é buscar as oportunidades adequadas a cada momento. Isto porque, apesar de todos os fatores positivos citados, o país passa por mudanças climáticas que interferem na produção, principalmente no período da entressafra. A estiagem e as temperaturas mais severas deste ano deixaram as pastagens com baixa capacidade de suporte, desmotivando o produtor a investir na reposição. Porém este é o momento de os pecuaristas adquirirem bezerros. A série histórica do ciclo pecuário mostra que estamos vivenciando um volume de abates bem próximo ao recorde registrado em 2006, e as fêmeas representam 47% dos animais abatidos.

No entanto, mesmo com a grande oferta de animais, o preço da arroba tem-se mantido firme, graças à exportação e ao consumo interno crescentes. Em Minas Gerais, o preço médio pago ao produtor fechou agosto em R$ 91,55 a arroba. A variação positiva no estado, comparada ao mês anterior, foi de 0,14%. No acumulado de 2013, ficou em 0,47%, e nos últimos 12 meses corresponde à 5,57%.

A conjuntura é positiva para os exportadores, que são compensados pela desvalorização cambial. E a tendência é que o dólar continue favorecendo nossos produtos. O Brasil exporta 20% do que produz: carne de qualidade, a preço baixo - e o volume de exportações tem crescido. Chile, Venezuela e China são alguns dos países que se destacam pelo aumento das compras. No entanto, é preciso estar atento aos mercados mais exigentes, como Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão.

Os produtores que optaram por confinar os animais em julho para entregar a partir de outubro, com preços pré-fixados na bolsa de valores, devem ter um retorno de até 2,43% sobre os investimentos iniciais. A taxa de retorno já considera os custos da atividade, tais como compra do boi magro, custos administrativos e de nutrição, segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura ôLuiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Cepea-Esalq/USP).

Consultores da MB Agro calculam que o consumo per capita de carne bovina alcançará 39,5 kg ainda este ano, ou seja, será 4,8% superior ao de 2012 - crescimento impulsionado basicamente pela melhoria de renda da população brasileira. Espera-se ainda um incremento de 6% na produção, com o total de equivalente carcaça próximo a 9,4 mil toneladas, tendo como excedente para exportação mais do que 1,6 mil toneladas equivalente carcaça, aumento de 8% se comparado ao ano passado.

A vantagem competitiva do Brasil irá sobressair à medida que nossa produção for sustentável, atenta às boas práticas e ao aproveitamento otimizado das terras, por meio do uso das tecnologias disponíveis. Além disso, o pecuarista deve lançar mão de outras ferramentas como as compras no mercado futuro, que podem diminuir os riscos na aquisição de insumos e melhorar a margem de lucro na venda do seu produto. Mas o essencial para manter a situação favorável é aumentar a produtividade por hectare, o que exige investimentos. Para voltar à margem de lucro da década de 70, os pecuaristas deveriam produzir dez arrobas por hectare ao ano e, atualmente, produzem quatro.

 WALLISSON LARA FONSECA*


* Analista de Agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg)




Veículo: Diário do Comércio - MG


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