Marfrig sobe após acordo com BNDES

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O anúncio pela Marfrig, na sexta-feira, de um acordo com a BNDESPar que permitiu renegociar as condições de debêntures conversíveis em ações emitidas em 2010 pela companhia teve efeito positivo sobre os papéis do frigorífico ontem na BM&FBovespa. As ações fecharam a R$ 4,07, com alta de 2,52%. A valorização é um sinal, ao menos de curto prazo, de alguma mudança no humor dos investidores em relação à empresa que vive dificuldades financeiras desde 2011 e que, para reduzir seu endividamento, teve de vender para a JBS a Seara Brasil.

Para concretizar o acordo anunciado na sexta-feira, a Marfrig fará uma quinta emissão de debêntures simples, conversíveis em ações, no valor de R$ 2,150 bilhões, com vencimento em janeiro de 2017. Conforme o acordo, o braço de participações do BNDES trocará as debêntures conversíveis da Marfrig que subscreveu em 2010, e que venceriam originalmente em julho de 2015, pela novas debêntures que vencem em 36 meses. O valor original das debêntures emitidas em 2010 era de R$ 2,5 bilhões, mas R$ 350 milhões já foram convertidos em ações pela BNDESPar após uma operação de aumento de capital da Marfrig.

Segundo a Marfrig, as debêntures serão mandatoriamente conversíveis em ações da companhia no vencimento, com preço de conversão mínimo de R$ 21,50 por ação. O valor é bem superior ao preço dos papéis da Marfrig na bolsa atualmente.

Em nota divulgada ontem, o BNDES afirmou que a operação "observou todos os ritos internos de aprovação do Sistema BNDES, com rigorosa análise técnica e passagem por órgãos colegiados. A troca dos títulos não constituiu nenhum tipo de favorecimento, por parte do BNDES, à empresa ou seus controladores, e não resultará em prejuízo para o Banco".

Com o alongamento do prazo das debêntures, a direção da Marfrig busca tempo para que as ações da empresa se valorizem, evitando uma diluição do controle da empresa em favor do BNDES. O acordo também prevê que a Marfrig não pagará os juros de cerca de R$ 250 milhões previstos para julho deste ano, o que só será feito em janeiro de 2015.

A Marfrig informou que o BNDES aceitou a mudança nas condições de pagamento devido à melhor estrutura de capital da empresa após a venda da Seara Brasil e da Zenda para a JBS, por meio da transferência de R$ 5,85 bilhões em dívidas, em junho de 2013.

Com o acordo anunciado, a Marfrig revisou o guidance para seu fluxo de caixa livre para neutro a R$ 100 milhões positivos neste ano. Antes do acordo, a empresa projetava que o fluxo de caixa livre no período seria de R$ 150 milhões negativos a neutro.

Em relatório, o BTG Pactual afirma que essa projeção é positiva do ponto de vista de desalavancagem da empresa, "mas parece apenas possível se a companhia conseguir reduzir custos financeiros e desbloquear uma quantia significativa de capital de giro". O tom é de cautela e o banco mantém sua recomendação neutra para a Marfrig, dizendo que os investidores precisam de "alguns trimestres de consistência antes de comprar mais agressivamente".

Já o Deutsche Bank disse que o novo guidance reflete "meramente o adiamento do pagamento dos juros (...) e não é significativo em si mesmo". Reconhece, porém, que pode ajudar a Marfrig nos esforços para refinanciar dívidas a taxas mais baixas. No entanto, aponta que o mais importante para o desempenho das ações seria uma melhoria significativa na perspectiva para o fluxo de caixa operacional da empresa.



Veículo: Valor Econômico


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