Em entrevista exclusiva, presidente da Cooperativa Central, Mario Lanznaster, conta os próximos passos da companhia, projeções do mercado, e destaca que este será um ano para "pagar a conta"
Em um ano de ajuste de contas e estimativas de crescimento menor, a Cooperativa Central Aurora Alimentos aumenta a casa de investimentos de olho na expansão no mercado externo a médio e longo prazo. A estratégia é crescer no segmento de aves e agregar valor aos derivados de suíno.
Baseado em analistas dos mercados globais, o presidente Mario Lanznaster acredita que em meados de 2022 a carne de frango será a mais consumida no mundo, por isso o setor se destaca no radar da cooperativa. "Estamos investindo cerca de R$ 300 milhões para melhorias em nossas unidades operacionais, além do mais recente aporte de R$ 27 milhões em armazenagem de milho para ração, cujo sistema começa a funcionar ainda em janeiro", afirma o executivo em entrevista exclusiva ao DCI.
Perspectivas
Após o ganho de 15% nos resultados da Aurora em 2014, Lanznaster caracteriza 2015 como um ano para "pagar as contas". A estimativa de crescimento caiu para 8% em função do pagamento de terras que foram arrendadas pela cooperativa em anos anteriores. Com a regularização das despesas e os atuais investimentos, o presidente espera voltar a ter avanços de 15% a partir de 2016.
Apesar da maior parte da produção ser destinada para a demanda doméstica, o percentual de exportações deve passar de 20% para 22% neste ano. "As importações do continente asiático estão avançando, assim como as europeias. A Rússia está retomando agora os embarques e já vendemos tanto aves quanto suínos", diz.
O primeiro envio de carne suína aos Estados Unidos, realizado no final do ano passado, ainda colaborou para a possível abertura de mercados estratégicos como Coreia do Sul e Japão, este último que tem um ritmo de crescimento lento, porém, muito seguro.
Questionado sobre as expectativas para as carnes no País, o presidente espera um desempenho positivo, mesmo que abaixo do registrado em 2014, com a oferta ajustada ao consumo e com espaço para vendas externas. Para ele, o milho e o farelo de soja não devem atingir patamares muito baixos e os entraves estão nas políticas públicas e infraestrutura logística, para transportar grãos da região central ao Sul.
Perfil
Fundada em 1969, a Aurora se tornou um conglomerado agroindustrial, sediado no município catarinense de Chapecó, que, atualmente, conta com um mix de 800 produtos, entre carnes de aves e suínos, lácteos e massas.
Vinculada a outras 12 cooperativas, as unidades de negócios estão espalhadas entre o Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com mais de 60 mil associados. Em 2014, o aniversário de 45 anos foi comemorado com a inauguração da planta industrial de Joaçaba (SC), um investimento de R$ 86 milhões.
"As cooperativas da região Sul estão mais profissionalizadas, somos um exemplo disso. Para manter a expansão, só queríamos que o governo fosse nosso anjo da guarda", conclui.
Veículo: DCI