São Paulo - O Brasil tem possibilidade de ocupar espaço de exportadores de carne de frango afetados por casos de gripe aviária, cujas exportações foram suspensas por importadores, disseram ontem representantes da indústria e do governo, em evento para instituir medidas mais duras para prevenir a Influenza Aviária no País.
Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o País precisa fazer a “lição de casa” para reforçar seu controle sanitário e continuar livre de gripe aviária, além de realizar um trabalho comercial para ampliar suas vendas externas.
O Brasil, maior exportador global de carne de frango, tem um grande mercado para ocupar, após os mais recentes surtos de aviária em importantes exportadores.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, uma demanda global de cerca de 700 mil toneladas de carne de frango ao ano está sem fornecedores atualmente, após países decretarem embargos a nações atingidas pela doença ou por queda na produção doméstica.
“Não significa que o Brasil vai capturar tudo... Mas a gente sai ganhando. O Brasil ganhou em cima da crise. Somos uma ilha de sanidade”, disse Turra, após um encontro com Blairo, na sede da ABPA em São Paulo.
O comércio internacional de carne de frango deverá movimentar 11,4 milhões de toneladas de carne de frango em 2017, com o Brasil liderando o ranking dos exportadores, com 4,4 milhões de toneladas, segundo projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda).
Países de diversas partes do mundo, principalmente na Europa e na Ásia, têm registrado casos de gripe aviária nos últimos meses, levando ao abate de milhões de aves e a interrupções no comércio internacional de carne de frango.
Em janeiro, a exportação brasileira de carne de frango já foi beneficiada pelos casos de gripe aviária em outros países, informou a ABPA recentemente.
Questionados sobre o impacto para as exportações brasileiras neste ano, representantes da ABPA disseram que ainda é prematuro fazer uma estimativa.
Instrução normativa - O Ministério da Agricultura instituiu ontem uma instrução normativa com regras mais severas para granjas de aves de todo o País.
Produtores terão prazo de um ano para isolar todos os animais com telas no entorno dos criadouros, para evitar contatos com aves silvestres que eventualmente estejam contaminadas com o vírus. Além disso, será preciso instalar sistemas de higienização de veículos e pessoas que entrem nas unidades e garantir que a água para os animais seja isolada de eventual contato com o vírus.
“Cem por cento daquilo que é controlável por nós, iremos fazer”, disse Blairo.
Os custos para implantação do sistema deverão ser arcados pelos produtores, mas as grandes empresas --que atuam no sistema de integração-- prometem apoiar os investimentos em segurança sanitária.
“Você (empresa) vai ter que pagar por isso... Isso vai se traduzir numa remuneração para o integrado para ele ter capacidade de se financiar”, disse o presidente-executivo da BRF, maior empresa exportadora global de carne de frango, Pedro Faria, referindo-se a subsídios que deverão ser oferecidos pelas empresas para seus produtores por meio de preços mais elevados.
Segundo a ABPA, 90% das granjas que fornecem para a BRF já estão adequadas às normas mais rígidas, enquanto 65% dos fornecedores da JBS estão enquadrados.
Produtores que descumprirem as regras e não tiverem registro das melhorias, serão proibidos de fornecer aves para os frigoríficos. (Reuters)
Fonte: Diário do Comércio de Minas