Confinamento de gado de corte pode registrar retração de 3,1 % neste ano

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Goiânia - O número de animais confinados no Brasil, neste ano, deve alcançar 3,1 milhões. Esse volume é 3,1% inferior aos 3,2 milhões de animais confinados no ano passado.

 

A estimativa é do gerente executivo da Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon), Bruno de Jesus Andrade, que falou ao DCI durante a Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf), que teve início nesta segunda-feira (18).

 

Somente em Goiás, Estado com maior quantidade de animais confinados no País, a perspectiva é de uma retração de 10% em relação ao ano passado, o equivalente a 80 mil animais a menos, segundo previsão do presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Maurício Velloso.

 

Em 2016, Goiás confinou 800 mil animais. "O primeiro semestre foi muito ruim para o confinador. Eventos como a operação Carne Fraca e a delação do Joesley Batista, por exemplo, fizeram com que o preço da arroba caísse a partir de março e o mercado futuro, por consequência, derretesse", avalia Andrade.

 

Conforme Velloso, em fevereiro de 2016 o contrato de boi gordo para outubro de 2017 no mercado futuro indicava arroba de R$ 172. Em maio de 2016, esse mesmo indicador era de R$ 119.

 

Hoje, o indicador para o período é de R$ 150, um preço que já oferece margem ao pecuarista, na avaliação de Velloso, já que os preços do milho estão bem mais convidativos. "Não havia como decidir pelo confinamento antes visto que o custo de produção era maior do que o valor do boi. E isso gerou um atraso muito sério", avalia. Por outro lado, isso também é o que vem garantindo o valor da arroba nos patamares atuais. "Se a oferta fosse maior, a arroba estaria ainda mais baixa."

 

Essa queda na arroba pesou mesmo em um cenário de custo de produção favorável para o pecuarista. Segundo Andrade, na comparação entre o primeiro semestre de 2017 e o mesmo período de 2016, os insumos para o confinamento, incluindo animais para reposição, estavam 15% menores.

 

"O custo de nutrição também ficou bem interessante na mesma base de comparação", afirma. O milho em São Paulo estava cotado a valores superiores a R$ 40 a saca de 60 quilos há um ano e, hoje, a saca custa em torno de R$ 23. "Mesmo com essa melhora, ainda teremos menos animais confinados", estima Andrade.

 

Segundo giro

 

No entanto, ainda há perspectiva de que o número de animais confinados no chamado segundo giro, que é feito no segundo semestre e concentra 85% dos animais confinados, cresça devido ao preço atrativo de insumos, especialmente do milho. "É possível que tenhamos uma quantidade grande de animais de confinamento sendo abatidos em novembro e em dezembro por conta do atraso na entrada desses animais", estima Andrade.

 

A expectativa é de crescimento especialmente em Mato Grosso, segundo maior confinador do País, onde o preço da saca do milho chega a até R$ 8, observa Velloso.

 

"Pode ser que tenhamos uma quantidade grande de animais ofertados no começo do próximo ano e não apenas no fim do período seco. Ainda tem muito produtor avaliando como agir", acrescenta o dirigente da Faeg. Ele reconhece que confinar nas águas exige mais estrutura física, como cobertura e outros itens que o confinamento na seca não demanda. "Não estão todos preparados, mas acho que é um caminho inexorável para oferecer durante todo o ano animais bem acabados."

 

Andrade acredita que a opção é viável, mas exige cautela. "Confinamento na chuva vai exigir mais cuidado no manejo e menos animais no cocho; mas os confinamentos brasileiros são basicamente preparados para o período seco. Embora o produtor tenha oferta de ração e de animais, o operacional pode ser prejudicado e, o pecuarista, pode ter prejuízo", avalia Andrade.

 

Essa maior oferta de animais confinados em novembro poderá pressionar os preços da arroba na avaliação de Andrade, mas isso ainda dependerá de outros fatores. "As indústrias estão esperando exportar um volume grande de carne nos próximos meses e pode ser que isso não seja um problema", diz. Segundo ele, caso as vendas cresçam no final do ano, esse excedente de produto pode não pesar na cotação.

 

Para o próximo ano, a perspectiva é positiva, afirma o gerente da Assocon. "Quem comprou animais para fazer reposição este ano talvez tenha um 2018 mais relaxado e consiga formar um estoque bom para o ano que vem. Além disso, esperamos uma oferta de insumos para a nutrição relativamente alta e com preços razoáveis." Ele ainda espera que a economia brasileira cresça e gere uma alta no consumo interno. / *A repórter viajou a convite da Assocon

 

 

Fonte: DCI São Paulo


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