A estimativa é que o comércio mundial de peixes alcance mais de US$ 150 bilhões neste ano - alta de cerca de 7% sobre 2016 -, colocando 2017 a caminho de eclipsar o recorde anterior de US$ 148,3 bilhões, em 2014, segundo a FAO. O comércio internacional de peixes viu uma "demanda sustentada em vários mercados importadores tradicionais, como EUA, Japão, França e Espanha", disse Sigbjorn Tveteraas, professor de economia industrial na Universidade de Stavanger, na Noruega.
Peixes têm sido o alimento "commodity" mais comercializado, apoiado pelo crescimento da aquicultura, setor produtor de alimentos em mais rápido crescimento nos últimos 20 anos. O aumento da renda nos países em desenvolvimento estimulou uma alta no consumo de carnes e peixes.
Em comparação com a maioria de outros negócios agrícolas, como o setor de grãos, o de peixes proporcionou maiores retornos.
As empresas produtoras de salmão, por exemplo, geraram retornos totais a seus acionistas - a soma dos ganhos com o valor das ações e os dividendos associados às ações dessas empresas - entre 45% e 60% desde 2012, segundo o Boston Consulting Group (BCG).
A Marine Harvest, maior produtora de salmão, gerou uma remuneração anual média de 47% durante cinco anos até 2016. Isso se compara com o retorno de 17% no setor de proteínas e 7% no caso de todo o setor agrícola, de acordo com o BCG.
Esses retornos levaram empresas agrícolas a se voltar para a produção de peixes. A Cargill, principal empresa agrícola dos EUA - que negocia de trigo a aves, comprou a Ewos, fornecedora norueguesa de alimentos para peixes - por € 1,35 bilhão, dois anos atrás, e a japonesa Mitsubishi pagou US$ 1,4 bilhão pela Cermaq, uma produtora norueguesa de salmão.
A FAO estima que a produção de peixes continuará a crescer. A previsão é que o mercado mundial de aquicultura cresça 4% a 5% ao ano na próxima década. "As previsões sugerem que a produção mundial da aquicultura ultrapasse a marca de 100 milhões de toneladas pela primeira vez em 2025, e alcance 102 milhões de toneladas até 2026", afirma a FAO.
Mas o crescimento da aquicultura deve trazer desafios para uma indústria já afetada por problemas como doenças e pragas. No setor de salmão, os preços atingiram recorde em 2016, devido a surtos de piolhos marinhos na Noruega e algas tóxicas no Chile, que dizimaram a oferta mundial de salmão.
"Para viabilizar a sustentabilidade de longo prazo, as empresas também precisarão atentar para as crescentes preocupações dos consumidores em face do impacto ambiental da piscicultura", acrescenta o BCG.
Fonte: Valor Econômico