São Paulo - O alto valor da carne bovina de animais da raça wagyu nos restaurantes de grandes centros e a demanda crescente pelo produto levou o produtor Daniel Steinbruch, da Kobe Premium, Fazenda Agélica, em Americana (SP) a criar um sistema de parceria para ampliar o abate .
Ele se dedica há 11 anos à criação de animais da raça de origem japonesa, famosa pela grande quantidade de marmoreio - que é a gordura entremeada da carne - que dá um sabor único aos cortes oriundos de animais wagyu. O rebanho brasileiro é de 3,5 mil cabeças que pertencem a 25 criadores. Mas, segundo Steinbruch, há espaço para mais. "Tem muita oportunidade para quem quiser investir na raça", garante.
Ele abate 10 animais por mês na propriedade de 240 hectares das quais 80 são destinados à criação de um rebanho de 500 cabeças. O pecuarista pretende abater 60 animais por mês em três anos. Para isso, passou a oferecer um sistema de parceria para outros produtores, no qual vende animais e garante a compra dos bezerros a preços que variam entre 1,6 vez a 2,2 vezes a arroba, conforme a qualidade da carne. Ele já conta com cinco parceiros nos Estadosd de Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso.
De acordo com ele, a iniciativa visa, em partes, exportar carne da raça da japonesa a partir do Brasil. "A meta é que a propriedade tenha o volume necessário para isso em três anos", planeja. O produtor explica que hoje, o bife ancho pode ser vendido por US$ 100 no Brasil o quilo. "No Japão, esse valor chega a US$ 1 mil o quilo e na Europa por 300 euros", compara Steinbruch.
Ele garante que o Brasil tem genética para fazer animais capazes de competir em qualidade com o produto australiano ou japonês. "No ano passado fizemos um animal com marmoreio 12, criado da mesma forma que no Japão. Quando tivermos mais animais disponíveis para criamos desta forma, vamos apostar nisso e exportar", afirma o pecuarista.
Segundo ele, para criar um animal tão valorizado no mercado os custos não são pequenos. "O investimento médio por cada animal puro desde a fertilização até o abate é de R$ 5,5 mil", afirma.
O aporte compreende todas as etapas de criação (cria, recria e engorda) até o abate do animal, que dura quatro anos "Vendemos cada animal puro por até R$ 10 mil a fêmea e R$ 12 mil o macho no atacado. Garanto ao produtor que essa conta fecha".
Se no Japão os animais da raça são alimentados com cevada e arroz, e diz a lenda, até ouvem música clássica, no Brasil se alimentam a pasto desde a desmana - quando o animal tem oito meses e pesa 230 quilos - até os 18 meses, quando o bovino ingressa no confinamento, onde permanece até 28 meses e recebem silagem de sorgo, farelo de soja, milho e trigo. O gado vai para o abate com 26 arrobas, o equivalente a 750 quilos.
Steinbruch também planeja inaugurar, no primeiro semestre de 2018, um entreposto para a desossa dos animais e industrialização dos cortes, com capacidade para abate de 400 bovinos por mês. A intenção é oferecer um local capaz de atender às peculiaridades da desossa da raça e capaz de abater outros animais.
Cruzados
Há oportunidades também para quem investe no cruzamento do gado japonês com raças de origem europeia. É o caso de George de Toledo Gottheiner, da Estância do Bosque, com propriedades em Aquidauana (MS)e em Boituva (SP), que produz gado wagyu cruzado com Brangus.
"O mercado é exigente e não temos criadores o suficiente para atender a demanda. Precisamos de mais parceiros".
Ele abate de 10 a 15 animais por semana e vende os cortes para restaurantes de São Paulo, mas a partir de setembro terá também e-commerce. "Mesmo com a crise, o mercado de cortes nobres não sentiu tanto quanto o da carne commodity", diz Gottheiner. O pecuarista revela que recebe aproximadamente de R$ 7 mil a R$ 9 mil por animal.
Os cortes são certificado pela associação de produtores da raça, presidida por ele, que garante a procedência tanto para os animais cruzados quanto puros. "Nosso desafio é mostrar isso nos restaurantes."
Fonte: DCI São Paulo