São Paulo - Frigoríficos como Marfrig e Minerva devem apresentar um resultado melhor no terceiro trimestre ante segundo. Um dos motivos é o aumento do spread entre o valor pago aos produtores e o preço da carne, explicou a diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel .
Desde a operação Carne Fraca, em março passado, a queda na arroba reduziu o custo de produção das companhias. "Ao mesmo tempo, espera-se uma retomada das exportações para o próximo trimestre", estima a diretora.
Para ela, essa perspectiva positiva não se aplicará ao JBS, maior empresa do setor, que deverá sentir os impactos da delação do presidente-executivo da companhia, Wesley Batista, no âmbito da Lava Jato. "Como isso foi divulgado em 17 de maio, sobrou pouco tempo para o mercado reagir no trimestre passado", avalia ela. "Por isso, espera-se que a empresa tenha um resultado distanciado do das as demais companhias do setor no período".
Os três maiores frigoríficos brasileiros apresentaram balanços do segundo trimestre deste ano ontem, ainda impactados pela operação Carne Fraca. A valorização do real sobre o dólar (de 9,2%) e a queda das exportações também prejudicaram o desempenho das companhias.
"Todas as empresas estão bastante expostas à variação cambial", observa a analista. "Mas acredito que este é um problema pontual que deve ser corrigido no próximo balanço, já que o dólar está mais estável", afirma.
A JBS registrou lucro líquido de R$ 308,9 milhões no segundo trimestre deste ano, queda de 79,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Em teleconferência com analistas, Batista reconheceu que os últimos meses foram "turbulentos" e garantiu que a companhia avançou com o plano de desinvestimento, no que diz respeito a Moy Park, na Europa, e a Five Rivers Cattle, nos Estados Unidos. "Não vamos desinvestir em nenhuma outra unidade. O que foi anunciado será executado", diz.
No período, a receita líquida do grupo teve recuo de 4,6%, para R$ 41,7 bilhões no segundo trimestre. Ele reconheceu que a unidade atingiu o "fundo do poço" em rentabilidade do primeiro trimestre, mas avalia que há recuperação. "Estou convicto de que a Seara vai voltar a operar nas margens normais neste semestre."
A Marfrig registrou prejuízo de R$ 159 milhões no período, mas conseguiu diminuir as perdas em relação ao segundo trimestre do ano passado.
A empresa anunciou a retomada das operações de Alegrete (RS), Ji-Paraná (RO) e Paranaíba (MS) até setembro. Outras duas unidades voltaram a operar em junho. "Devemos encerrar 2017 com o abate de 300 mil cabeças mensais", disse o presidente-executivo da companhia, Martin Secco. Ele projetou margem de lucro de 8% a 10% para a divisão Beef no terceiro trimestre ante 8,2% no segundo trimestre.
O Minerva teve prejuízo líquido de 55,6 milhões ante R$ 89 milhões no mesmo período do ano anterior. O diretor financeiro da empresa, Edison Ticle, afirmou que, não fosse a variação cambial, a empresa teria reportado lucro de R$ 70 milhões no segundo trimestre.
Fonte: DCI São Paulo