São Paulo - Para 2018, a Minerva Foods aposta na consolidação de suas operações após a aquisição de nove unidades da JBS no Paraguai, Uruguai e Argentina ao longo deste ano, além da reabertura da unidade de abate de Mirassol d´Oeste, em Mato Grosso.
O CEO da Minerva Foods, Fernando Galletti de Queiroz, afirmou em encontro com analistas ontem que a empresa não tem previsão de fazer novas aquisições. "Nosso foco é a consolidação das operações, que nos dará uma capacidade de trabalhar em geografias diferentes, e uma condição única de rapidamente suprir mercados e origens conforme a demanda."
Segundo ele, a capacidade de abate da empresa - que responde por 7% a 8% do comércio mundial de carnes - passou de 17,3 mil cabeças por dia para 23,6 mil cabeças diárias ao longo do ano com as aquisições feitas no Mercosul, em um total de 26 unidades. O Brasil responde por 45% desse total.
Ele justifica a aposta na região com a projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, na sigla em inglês), de expansão das exportações globais de carne bovina em 3,2% para o próximo ano. "Os embarques do Mercosul devem crescer 4% em 2018; do Brasil, 3%, e da Argentina, 25%", afirmou Galletti. "A América do Sul está se consolidando como maior fornecedor de carne bovina", afirmou Galletti.
O executivo acrescentou que a empresa não deve fazer alterações na operação, como reativar as plantas que estão fechadas - três na Argentina e duas no Brasil - para atender ao guidance que prevê receita líquida de julho de 2017 a junho de 2018 de R$ 13 bilhões a R$ 14,4 bilhões. "Estamos estudando a reabertura das unidades de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, mas com foco em utilizar melhor as plantas que já estão abertas", disse Galletti.
Segundo o diretor de operações Beef Brasil/Colômbia, Luis Ricardo Alves Luz, as vendas de carne bovina da empresa cresceram 11% no País em 2017 e devem se manter estáveis em 2018. "Isso se deve a uma perspectiva de aumento de oferta e alta dos preços."
No mercado externo, as exportações a partir do Brasil aumentaram de 17 mil toneladas, no começo do ano, para 24 mil toneladas, afirmou Luz. "No ano que vem esperamos manter esse ritmo, pois já estamos operando a todo vapor."
A consolidação da empresa deve ter como cenário um ano positivo, afirma o sócio-diretor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros. "Neste ano já foi um destaque a exportação, enquanto o mercado interno nem tanto. Contudo, nos últimos meses, essa demanda no País passou a ser bem firme, o que nos dá motivos para ficar bastante otimista com o horizonte de recuperação."
Ele salientou que o consumo per capita no mercado interno já cresceu de 28 quilos por habitante para 30 quilos a 31 quilos. "Estamos falando de algo como 10% de tendência de recuperação."
Estados Unidos
Galletti também espera que a reabertura do mercado norte-americano para a carne bovina in natura brasileira ocorra no 1º trimestre do ano que vem. Segundo ele, a estimativa leva em consideração informações repassadas pelo Ministério da Agricultura (Mapa).
Os Estados Unidos suspenderam as compras em junho desse ano, após a identificação de abcessos em cortes. "Não existe mais nenhuma razão técnica para a manutenção dessa restrição", argumentou o executivo. "Temos várias unidades habilitadas a exportar para os Estados Unidos e uma vez que esse mercado seja retomado, estaremos prontos."
Galetti também comentou a suspensão das compras pela Rússia e afirmou que a empresa não foi prejudicada. "O governo brasileiro está se mexendo para atender às demandas dos russos, mas estamos atendendo essa demanda de outras plantas do Mercosul."
Fonte: DCI São Paulo