Demanda firme deve valorizar arroba mesmo com oferta elevada de bovinos

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São Paulo - A maior demanda por carne bovina, amparada por uma melhora na economia e exportações em alta, deve ajudar a sustentar a cotação da arroba do boi gordo no próximo ano. A avaliação é do pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Thiago Bernardino de Carvalho.

 

O ano de 2017 foi marcado por escândalos no setor, como a Operação Carne Fraca, e pela oscilação dos preços pagos pela arroba. Por isso, os pecuaristas dependerão de uma série de fatores para terminar o ano no azul. Entre os itens que devem prejudicar a rentabilidade do pecuarista neste ano, está a expectativa de uma maior oferta de animais para abate, o que tende a pressionar os preços.

 

Essa oferta resultará de dois fatores. O primeiro é o confinamento de um número significativo de animais no segundo semestre deste ano. "Com o aumento dos preços pagos pela arroba na segunda metade do ano, mais produtores optaram por terminar animais no cocho, o que deve fazer com que a oferta para abate seja mais farta", afirma o pesquisador.

 

Completa esse cenário a retenção de matrizes, resultante da seca de 2014/2015. "Os animais não tinham pasto para engordar e as taxas de produção ficaram ruins - aumentou o intervalo de partos, o índice de prenhez e de massa corporal das vacas piorou - o que levou a uma produção menor de bezerros naquele período", relata o pesquisador.

 

Com isso, o preço pago por animais dessa categoria saiu de R$ 400 para R$ 1,6 mil, o que fez que muitos produtores optarem por reter matrizes para produzir mais crias. "É natural, portanto, que esse bezerro chegue ao mercado em final de 2017 ou começo de 2018", diz.

 

A favor

 

Mas, se existe a pressão da maior oferta, por outro lado, uma demanda firme poderá sustentar os preços se as vendas no mercado interno e externo continuarem a crescer.

 

No acumulado do ano, as exportações de carne bovina somaram 986 mil toneladas ante 914,5 mil toneladas embarcadas nos 10 meses do ano passado, com receita de US$ 4,1 bilhões, crescimento de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. "A priori, esse elevado enxugamento da produção pelo mercado externo deve continuar a acontecer no próximo ano, especialmente pelo mercado chinês", afirma Carvalho. Segundo ele, a China e Hong Kong responderam por 38% dos embarques neste ano.

 

O pesquisador acredita que a suspensão por parte da Rússia de um unidade de abate do Mataboi e do aumento dos controles sanitários em outras cinco plantas, anunciada no último final de semana não deve atrapalhar esse desempenho. "É um grande player e que essa situação preocupa. Mas creio que seja um problema pontual, que deve ser solucionado a médio e longo prazos", avalia Carvalho.

 

Ontem, o indicador Esalq/BM&F de boi gordo encerrou a R$ 139,50. No mercado futuro para outubro de 2018, a arroba está em R$ 151. "É uma sinalização de um mercado firme e melhor para o ano que vem", diz.

 

Carvalho espera que o dólar se mantenha em R$ 3,20 e R$ 3,30 até 2019, o que deve aumentar os preços de insumos importados utilizados na pecuária, como sal mineral, por exemplo. Por outro lado, ele afirma que custos com mão-de-obra não devem subir. Além disso, os níveis de emprego e de confiança vêm crescendo na comparação mensal. "Ainda assim, as margens devem ser positivas para o produtor, mesmo que ajustadas", estima.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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