O preço do frango começa a cair para o consumidor. Após a terceira fase da Operação Carne Fraca, que teve como consequência a suspensão das exportações de aves da BRF para a Europa, houve um aumento da oferta no mercado interno, e a queda do preço do produto nos supermercados já chega a 20%, segundo a Bolsa de Gêneros Alimentícios.
Há pouco mais de dez dias, o Ministério da Agricultura decidiu interromper temporariamente a produção e a certificação sanitária de produtos de aves da BRF exportados do Brasil para países da União Europeia. A restrição foi adotada depois de a BRF ter sido alvo da Operação Carne Fraca, no início do mês. Setores da empresa e cinco laboratórios são suspeitos de fraudar resultados de exames para reduzir os níveis da bactéria salmonela, eliminando limitações à exportação dos produtos. A suspensão afeta dez das 35 fábricas da companhia situadas nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná e Goiás.
— O que aconteceu é que havia muita produção e muitos produtos estavam prontos para embarcar para exportação, o que inundou o mercado interno. Especialmente a produção da BRF, o maior exportador, que responde quase pela metade do volume que é enviado para o exterior. Como reflexo, houve a queda de 5% a 7% no total de vendas da empresa para o exterior. E, como consequência, ela precisou reverter toda produção para o mercado interno — explicou o presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios, Humberto Margon, acrescentando que a baixa dos preços deve persistir até a redução dos estoques.
As últimas pesquisas de preço confirmam a retração. A prévia do IPC-10, da Fundação Getulio Vargas (FGV), captou uma redução no preço do frango, entre abril de 2017 e março deste ano, de 7,33%. No acumulado do primeiro trimestre, a queda foi de 3,83%.
Produção mais cara
De acordo com André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumido (IPC) do Ibre/FGV, no início do ano, o setor expandiu muito a oferta de frango, com aumento da criação em janeiro, resultando agora em uma oferta maior do produto no mercado. Além disso, segundo ele, os custos de produção subiram devido à quebra da safra de soja na Argentina, que elevou o preço do farelo servido ao frango.
— Em janeiro, houve uma expansão da criação de pintos de corte, o que resultou em uma oferta maior, no período em que historicamente a demanda é menor. Por outro lado, não será possível repassar ao consumidor a elevação dos custos de produção pelo excesso de frango no mercado interno — comentou Braz.
O especialista em varejo Marco Quintarelli projeta que os preços ao consumidor ainda ficarão mais baixos pelos próximos dois meses:
— A queda nos preços não vai ceder rapidamente, deve se estender até maio, pelo menos. Esse é o tempo para equilibrar a sobra do produto e forçar a absorção pelo mercado. O que observamos é que, desde do ano passado, os cortes de frango estão ficando mais baratos, embora o custo de criar as aves tenha subido e a demanda, caído.
Procurada, a BRF não quis comentar o assunto.
Fonte: Extra