O preço do suíno, em Minas Gerais, continua abaixo dos custos de produção, o que tem estimulado a redução do plantel. Com menos suínos colocados nas granjas, a expectativa é de recuperação dos preços. Além do pagamento dos salários no início do mês, podem contribuir para a retomada dos valores a possível reabertura do mercado russo para a carne suína brasileira e o consumo do segundo semestre, que tradicionalmente é maior.
De acordo com dados da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), o quilo do suíno vivo é negociado, na média estadual, a R$ 3,30, valor que está bem abaixo do custo de produção. No Zona da Mata, a situação é considerada a mais grave. Por não ser grande produtora de grãos e depender do transporte dos mesmos, o custo do quilo do suíno está em torno de R$ 4,00 na região. No Triângulo, Alto Paranaíba e Sul de Minas, regiões que têm maior produção de grãos, o custo do quilo fica próximo a R$ 3,80.
“Ao comercializar, cada produtor arca, em média, com um prejuízo de R$ 60 a R$ 70 por suíno dependo da região do Estado. Na Zona da Mata a situação é a pior porque o frete é mais caro, o que alavanca os custos. O suinocultor que tem a granja supereficiente está acumulando prejuízos de R$ 40 a R$ 50 por animal”, explicou o vice-presidente da Asemg, José Arnaldo Cardoso Penna.
Com os custos superando o preço de comercialização, houve um reajuste nas granjas e a expectativa do setor é de retomada dos preços, o que é considerado fundamental para a manutenção da atividade.
“O mercado neste momento está fluindo bem, estamos sem excessos de oferta, o que nos deixa com uma expectativa bem positiva. Por ser início de mês, há maior circulação de dinheiro, o que estimula o consumo. Não estamos com suínos represados, inclusive, estamos vendendo suínos com menor peso”.
Greve - A menor oferta e a queda de peso dos animais são reflexos dos prejuízos acumulados em função dos custos superiores aos preços recebidos e também da greve dos caminhoneiros, que aconteceu em final de maio.
De acordo com Cardoso Penna, como as granjas tiveram problemas com o abastecimento durante a paralisação dos caminhoneiros, principalmente de ração, os animais tiveram a dieta reduzida ou de menor qualidade, o que interferiu no ganho de peso. Como o ciclo é contínuo, os animais chegam ao tempo de abate com peso inferior e são mandados para os frigoríficos para dar espaço ao novo ciclo.
“Em função da greve faltou muito produto de primeira linha, suinocultores tiveram que reduzir o volume de ração ofertada e também tiveram que dar ração inferior em função da falta do farelo de soja. Então, o reflexo é sentindo até hoje, o que é visto no peso menor dos suínos. O animal com ração boa exercita todo o potencial que ele tem, mas, com a falta da alimentação correta, isso não acontece e acaba tendo pior desempenho. O suíno que antes era negociado com 95 quilos a 100 quilos, hoje chega à idade de abate com cerca de 80 quilos”.
Outra expectativa do setor é que avancem as negociações para a reabertura do mercado russo para a carne suína brasileira. “A Rússia era responsável pela importação de 40% da carne suína brasileira. Quando interrompeu essa negociação, o volume foi destinado ao mercado interno, o que prejudica na cotação da carne suína. Nossa expectativa é que as negociações avancem”, disse Cardoso Penna.
Gestão - Com os preços abaixo dos custos de produção, o representante da Asemg ressalta que é fundamental ter a gestão das unidades produtivas em dia, o que garante maior fôlego em momento de crise. Nos dias 1 e 2 de agosto acontecerá, na sede da Asemg, o curso de Gestão para Suinocultura – Imersão no Pensamento+1. Ministrado pela Agriness, o curso já capacitou mais de 600 profissionais, entre produtores, gerentes e técnicos, e tem como foco o aumento da produtividade da granja.
De acordo com a gerente executiva da Asemg, Sabrina Cardoso de Moura, durante o curso, que terá 16 horas de duração, os participantes conhecerão técnicas de engajamento, liderança, gestão de equipe e análise de informações, que possibilitam que a granja alcance o máximo potencial produtivo.
“É uma capacitação importantíssima para o suinocultor, que precisa trabalhar com a gestão eficiente e com o controle efetivo dos custos. Os produtores estão conscientes da importância e todas as vagas para a capacitação foram preenchidas”, disse Sabrina.
Fonte: Diário do Comércio de Minas