Cultivo de peixes cresce no semiárido mineiro

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O semiárido de Minas Gerais é uma região conhecida pela pouca quantidade de chuvas, mas lá tem muito produtor com a rede farta de peixe. Isso é possível graças a um projeto tem otimizado o uso da água da barragem do rio Gorutuba, que chega a centenas de propriedades por meio de canais.

 

A água que antes ia direto para a irrigação das lavouras, agora passa primeiro pelos tanques de peixes. "Havia muito desperdício de água no final dos canais de irrigação. Agora eles estão aproveitando essa água para armazenar nos tanques", explica o engenheiro de pesca Maurício Gros.

 

O agricultor Eunézio da Silva é um dos que agora produzem tilápias. A água que sai dos tanques com capacidade para até 4 mil peixes vai para o bananal com resíduos formados por ração e fezes. Com esse adubo natural, Eunézio teve uma economia de 40% nos insumos usados na lavoura.

 

Se antes a ideia de ter piscicultura no semiárido mineiro parecia absurda, o projeto tem mostrado que é possível. Desde que ele foi implantado, em 2015, a adesão de produtores rurais tem crescido. Hoje já são 236 envolvidos na atividade, que tem gerado economia e renda extra, principalmente em épocas difíceis como a de seca rigorosa.

 

José Martins é outro produtor que aposta nos peixes. Com a venda no mercado local, ele ganha cerca de R$ 1,2 mil por mês. Além da renda extra, o cultivo trouxe também redução nos gastos na conta de energia. A fatura mensal caiu de R$ 2,2 mil para pouco mais de R$ 1 mil. Com a água acumulada durante o dia nos tanques, ele deixa para irrigar o sorgo e as goiabeiras somente à noite.

 

"Porque a energia é mais barata e eu tenho depósito de água suficiente para a bomba rodar a noite inteira sem problema nenhum", diz.

 

Segundo a Emater, mais de 90% do envolvidos no projeto no estado são da agricultura familiar. Em 2017, Minas produziu 40 mil toneladas de peixes e, em 2018, 45 mil toneladas.

 

De olho no mercado consumidor de peixes, Helber Caldeira, de Janaúba, investiu não só nos tanques, mas em um frigorífico com capacidade para processar até 5 mil toneladas por mês. Produz, além de filé, linguiça e bolinho de peixe.

 

"Agregar produto é você gerar mais emprego, criar oportunidade. Nós precisamos sair da ideia de que o semiárido não e viável e também sair da monocultura", afirma.

 

A região produz não só tilápia, mas também pacu e surubim.

 

Fonte: Globo Rural

 


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