A suspensão das atividades econômicas para controle do novo coronavírus está prejudicando também a suinocultura de Minas Gerais. Com os bares e restaurantes fechados, o consumo de carne suína caiu e impactou de forma negativa os preços do produto.
De acordo com a Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), desde o início do isolamento social, o preço recebido pelo quilo do suíno vivo já retraiu cerca de 40% e o suinocultor acumula perdas próximas a R$ 100 por animal entregue aos frigoríficos.
O presidente da Asemg, João Carlos Bretas Leite, explica que a situação do produtor é complicada e o acúmulo de prejuízos prejudica os investimentos nas produções. Hoje, o custo de produção do quilo do suíno vivo, em Minas Gerais, gira em torno de R$ 4,50, mas o produtor tem recebido cerca de R$ 3,75 na negociação.
“Com a redução dos preços, estamos perdendo de R$ 90 a R$ 100 por suíno entregue nos frigoríficos. Nós somos um setor essencial, produzimos alimentos e não tem como pararmos. Mas o ideal seria suspender a produção para reduzir os prejuízos”, explicou.
Bretas destaca ainda que o setor vive ciclos de preços e que a cadeia se preparava para um momento positivo de mercado. O cenário esperado para 2020 era promissor para o setor em função da Peste Suína Africana (PSA) que dizimou cerca de 50% do rebanho de suínos da China. Por serem os maiores consumidores mundiais de carne suína, as importações feitas pelos chineses aumentaram e promoveram os preços dos animais no mercado brasileiro.
“As expectativas eram de um ano positivo para o setor e nos preparamos para isso. Não esperávamos viver, neste momento, uma crise forte, que derrubou os valores de forma significativa. As exportações de carne suína vêm se mantendo em um patamar interessante, mas o consumo interno caiu muito porque os grandes centros, bares e restaurantes estão todos fechados para controle do avanço do coronavírus”, disse.
A indicação do representante da Asemg é que os suinocultores tenham uma gestão aprimorada da produção para evitar maiores prejuízos. Além disso, o momento não é favorável para a manutenção de investimentos.
“É preciso cuidar da gestão, reduzir custos e suspender os gastos com obras e manutenção. O momento é de cuidar somente da produção”.
Ainda segundo Bretas, o setor está passando por mudanças e se adaptando ao trabalho durante a pandemia. Além de adotar cuidados sanitários para evitar a proliferação do novo coronavírus, o setor tem promovido eventos virtuais, considerados essenciais para levar informações aos suinocultores.
Semana da Carne Suína – Nesta semana, a Asemg está promovendo a Primeira Semana da Carne Suína Mineira, que acontece em comemoração ao Dia da Carne Suína Mineira (30 de Abril), decretado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e que ocorre na mesma data em que se celebra o aniversário da instituição, que está completando 48 anos em 2020.
Foram programadas diversas palestras, on-line e transmitidas pelos canais digitais da entidade. O objetivo é que o produtor esteja sempre atualizado em relação aos principais assuntos da cadeia.
Hoje haverá a palestra “Como lidar com o Senecavírus”, a ser realizada pelo coordenador do Programa de Febre Aftosa do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Natanael Lama Dias. Amanhã, data em que se comemora o aniversário da entidade e também o Dia da Carne Suína Mineira, haverá uma live, com os chefs de cozinha Fagner Albergaria e Carol Mesquita, que irão ensinar como preparar uma picanha suína com especiarias acompanhada de risoto.
Já foram realizadas palestras sobre o meio ambiente e o mercado da carne suína. As palestras também ficam disponíveis nas redes sociais da Asemg.
“Estamos vivendo um novo momento e aproveitando para levar informações aos suinocultores. Estamos descobrindo novos meios para trabalhar, o que tem sido importante, e os suinocultores estão aderindo a este novo momento, participando das palestras on-line e buscando informações para aprimorar a produção”, disse Bretas.
Fonte: Diário do Comércio