O pagamento do auxílio emergencial feito pelo governo federal e as crescentes exportações para a China estão impulsionando a demanda pela carne suína, que vem registrando patamares recordes de preços em Minas Gerais. O valor do quilo do suíno vivo, em média, está em R$ 8,20, o que representa um aumento de 64% frente a igual período do ano passado (R$ 5).
Até o momento, a tendência é de mercado firme para a carne suína, o que é considerado importante para os suinocultores que estão recuperando prejuízos acumulados nos últimos anos e enfrentando aumento dos custos, em função da desvalorização do real frente ao dólar.
De acordo com o Consultor de Mercado da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles, o pagamento do auxílio emergencial fez com que o consumo da carne suína aumentasse no mercado interno.
“A demanda está muito elevada. A pandemia acabou se tornando um experimento econômico que não estava previsto. Na minha estimativa, tendo como base dados do Ipea, o auxílio emergencial mais que compensou uma queda de rendimento do trabalho. Então, são ações que foram feitas para atenuar a depressão econômica da pandemia, mas que por questão de calibragem, que é difícil mesmo, acabou se tornando um fator de aquecimento da economia, além da situação anterior à pandemia. Para os setor foi bem positivo”, explicou.
Além do forte consumo no mercado interno, a Peste Suína Africana (PSA) dizimou grande parte do rebanho de suínos na China, que para abastecer o mercado interno tem comprado maiores volume de proteína do Brasil.
De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), de janeiro a agosto, Minas Gerais exportou 15,4 mil toneladas de carne suína, um incremento de 70,8% sobre as 9 mil toneladas embarcadas em igual intervalo do ano anterior. Em relação ao faturamento, a expansão foi de 91,5% somando US$ 28,4 milhões.
Custos
Apesar do preço recorde, os suinocultores estão enfrentando custos elevados. O mercado para a soja e o milho também está demandador, o que tem enxugado a oferta e elevado os preços dos principais insumos utilizados na ração animal.
“O suinocultor precisa ficar atento aos custos. Mas, no momento, os valores estão garantindo uma margem de lucro. Essa remuneração do produtor é importante para ele quitar débitos de anos anteriores, quando os preços dos suínos estavam muito baixos e causaram prejuízos. Além disso, garante condições de ampliar a produção e atender à demanda, que tende a ser maior no final do ano”.
Jalles explica que, normalmente, a demanda pela carne suína é ampliada no final do ano, como o pagamento do 13° salário e as festas. Para este ano, a tendência é de mercado aquecido, o que vai sustentar os preços do suíno vivo em níveis mais elevados.
“Final de ano normalmente significa aumento de consumo pelo pagamento do 13° salário e as festas de fim de ano. Acredito que ainda será uma realidade, talvez em proporção menor pelo preço em patamares elevados. As carnes no Brasil têm a maior elasticidade de consumo em relação ao aumento de renda. A maior demanda vai para a carne bovina de primeira qualidade e, logo em seguida, para a carne suína. Como a bovina está muito cara, o deslocamento tende a beneficiar a carne suína”, explicou Jalles.
Fonte: Diário do Comércio