Wal-Mart fará auditoria para ter carne com marca própria

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Depois da suspensão dos contratos com os frigoríficos que atuam no Estado do Pará e abatiam gado criado em área de desmatamento, a rede norte-americana Wal-Mart exigiu que seja instaurado um processo de auditoria independente comandado por firmas como Deloitte Touche Tohmatsu, Ernst & Young, PricewaterhouseCoopers e KPMG no prazo máximo de 30 dias. Assim, forçará grupos como JBS, Marfrig e Bertin a apresentar relatórios auditados sobre a procedência dos produtos vendidos à rede varejista. A medida acontece em meio à decisão da supermercadista de, ainda este ano, reduzir a dependência de fornecedores, seguindo assim os passos do Grupo Pão de Açúcar. Tanto é assim que a rede planeja lançar também uma marca exclusiva na categoria de carnes, depois de fechar contrato com pecuaristas no Estado do Mato Grosso.

 

De acordo com Héctor Núñez, presidente do Wal-Mart Brasil, o projeto é lançar uma versão do programa Clube dos Produtores que englobe apenas pecuaristas. A iniciativa fomenta o desenvolvimento da agricultura familiar com mais de 4,3 mil fornecedores de frutas, legumes e verduras. "Teremos fazendas fixas no Mato Grosso e parceria com frigoríficos." Em relação ao plano para a nova marca exclusiva, que deverá ser apresentado ao mercado nos próximos meses, Núñez garante que a intenção não é rescindir contrato com os grandes frigoríficos.

 

Entretanto, a vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da rede, Daniela De Fiori, afirma que a cadeia tem se aproximado mais das empresas médias neste setor, por meio de incentivos do governo e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A executiva detalha que 12% da carne comprada pelo Wal-Mart eram provenientes de empresas com negócios que figuravam na lista negra do Ministério Púbico Federal, do Greenpeace e do Ministério do Meio Ambiente. "Estamos lidando com muito cuidado com esta suspensão de carne do Pará, para que ela não seja entendida como uma moratória", pondera.

 

Acordo

 

Ontem, a terceira maior varejista do País, atrás somente do Grupo Pão de Açúcar e do Carrefour, respectivamente, firmou um "Pacto pela Sustentabilidade" com seus 20 principais fornecedores, entre eles Coca-Cola, Colgate Palmolive, Unilever do Brasil e os frigoríficos JBS, Marfrig e Bertin. Pelo pacto, essas empresas se comprometem a reduzir o tamanho das embalagens e a promover o desenvolvimento das cadeias produtivas, entre outros tópicos.

 

Na mesma ocasião, a cadeia norte-americana lançou, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, a campanha "Saco é um Saco", que visa a conscientizar o consumidor quanto à utilização deste material e seu descarte correto.

 

Controle

 

Ao menos entre as grandes supermercadistas, é uma tendência tomar a frente nas negociações com os produtores, diminuindo a dependência dos frigoríficos. O Pão de Açúcar administra atualmente 35 mil cabeças de gado, distribuídas por quatro fazendas de pecuaristas médios. O intuito é controlar a origem e a qualidade do produto colocado nas gôndolas que leva a assinatura da marca própria Taeq.

 

"Das 600 unidades operadas pelo grupo, 140 são abastecidas com esta carne. Nesses pontos a marca possui 7% das vendas da categoria, e no próximo ano queremos uma fatia de 10%", detalha Fabiana Farah, coordenadora de carnes e aves do Pão de Açúcar. Quando o programa foi iniciado, há cerca de três anos, dele participavam sete fazendas com sete mil animais.

 

"Este é um negócio rentável para a companhia, pois as carnes são alinhadas com cortes especiais e com preço semelhante ao praticado pelo mercado", ressalta a coordenadora da área na rede.

 

A coordenadora explica que o projeto começou depois de uma pesquisa de mercado que identificou a importância da garantia de origem: "Temos compromisso direto com as fazendas, acompanhando 100% do nosso plantel".

 

Daqui a três anos, a meta é possuir uma média de 120 vacas inseminadas. "Este monitoramento é um fator importante também para a exportação de carne", diz a executiva. Os principais receptores do produto são as redes afiliadas do Casino, varejista francês sócio do Pão de Açúcar.

 

Procurado, o Carrefour não se pronunciou até o fechamento da edição. A rede tem um sistema de rastreabilidade de alimentos chamado "Garantia de Origem".

 

O Wal-Mart começa a desenhar estratégias para depender cada vez menos de fornecedores como os frigoríficos JBS, Marfrig e Bertin, que terão 30 dias para apresentar relatório a Deloitte, Ernst & Young ou KPMG sobre a suspensão dos contratos devido ao abatimento de gado criado em área de desmatamento no Pará. O Wal-Mart exigirá dos fornecedores um relatório auditado pelas grandes firmas de consultoria que ateste a procedência dos produtos.

 

A rede anuncia que também avançará na categoria com uma marca exclusiva, seguindo os passos do Grupo Pão de Açúcar - que detém uma linha de carnes assinada com a marca própria Taeq.
"Teremos fazendas fixas no Mato Grosso e parceria com frigoríficos, e o projeto funcionará como uma espécie de Clube dos Produtores", afirmou Héctor Núñez, presidente do Wal-Mart Brasil. O programa original fomenta a agricultura familiar com a participação de 4,3 mil produtores de frutas, legumes e verduras. Também será estreitado o relacionamento com frigoríficos de médio porte.

 

Já no Pão de Açúcar, a meta é elevar a participação da Taeq na venda de carnes, de 7% para 10% em 2010. Segundo a coordenadora de carnes e aves, Fabiana Farah, o grupo tem parceria com 47 fazendas, que possuem 35 mil cabeças de gado.

 

Veículo: DCI


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