Cai preço de aves e varejo aumenta encomendas

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Natal: Previsão dos supermercados é de vendas até 25% maiores

 

Ao contrário do que aconteceu no Natal passado, neste ano os supermercados estão otimistas com relação à venda de perus, aves e outras carnes natalinas. Há até lojas parcelando em quatro vezes a compra das iguarias. Graças à queda de preços e ao ganho de poder aquisitivo dos consumidores, o varejo espera vender até 25% mais dessas carnes neste fim de ano.

 

Mais da metade do volume a ser vendido deve ficar concentrado nas aves especiais de segunda marca - os concorrentes do já tradicional Chester, da Perdigão, da BRF-Brasil Foods, que não quis participar da reportagem. A Coopercentral Aurora (a Aurora Alimentos), por exemplo, espera alta entre 8% e 10% nas vendas desse final de ano. Seu carro-chefe é o frangão Ave Blesser (ver texto ao lado).

 

"Calculamos que este ano 60% das carnes natalinas que iremos vender serão desse tipo", diz Sergio Noia, vice-presidente comercial do Walmart. A rede planeja vender de 20% a 25% mais carnes em todas suas bandeiras do que em relação ao Natal passado. "E a estrela deve ser o frangão", diz Noia, referindo-se à ave natalina de concorrentes da BRF. "Esse produto custa pelo menos 20% menos que o peru e também é mais em conta que o Chester original. Além disso, as aves estão até 10% mais em conta do que no ano passado."

 

Até marcas regionais ganham força nesse mercado, diz Nelson Junior, gerente de marketing da rede Bahamas, com 24 lojas na Zona da Mata Mineira. "Marcas como a Ave Bella Ceia, do frigorífico Pif Paf e a Avefest, do Rivelli, custam 10% mais barato do que os frangões da Sadia e da Perdigão".

 

Na média, conforme estimativas do varejo, essas aves estão chegando ao mercado até 10% mais baratas do que no ano passado. "Com a crise, as exportações de milho e soja caíram, o que barateou o custo das rações", diz Wilson Barquilla, diretor comercial de carnes, aves e peixes do Grupo Pão de Açúcar. A rede está aceitando o parcelamento em quatro vezes do pagamento de itens natalinos, como as carnes, nos cartões do grupo. Com os demais cartões, a compra pode ser dividida em duas vezes.

 

Mas não foram só as aves que caíram de preço. Até suínos e o bacalhau estão mais baratos neste ano. "O preço de carnes como o tender, o lombo e o pernil, que também têm muita demanda nessa temporada, está 15% menor. Já o bacalhau está 20% mais barato que no Natal de 2008", diz. A expectativa do grupo, segundo ele, é de um crescimento nas vendas, em volume, de 15% para as aves e de 30% para os suínos e para o bacalhau. "O dólar e a grande oferta de pescado na China e na Noruega colaboraram para uma queda de 20% no preço", explica o executivo.

 

O pescado tem mais saída em cidades onde a colonização portuguesa foi mais forte, como o Rio de Janeiro. Mas no geral, segundo os varejistas, o comportamento do consumidor é parecido em todo país. "Todos querem comprar um peru ou um frangão para a ceia de Natal e uma carne para o Ano Novo", diz Noia, do Walmart lembrando de uma popular superstição: comer carne de bicho que cisca para trás não dá sorte.

 

Seja no Natal ou no Ano Novo, a tradição de assar uma ave ou uma carne está presente em todas as classes sociais, segundo um estudo feito pela Nielsen, que levou em consideração as compras desses itens entre novembro e janeiro de 2008. "Há variedade de produtos e preços o que torna os produtos acessíveis para todo tipo de consumidor", diz Marisa Holzknecht, gerente da empresa de pesquisas.

 

Sérgio Mobaier, diretor de marketing do frigorífico Marfrig (das marcas DaGranja, Pena Branca, Mabella e da recém-adquirida Seara, entre outras), espera dobrar o volume de carnes natalinas vendidas este ano. "Nossa base de clientes está maior, por conta das aquisições." Mas não é só isso que ajuda, diz ele. "O varejo quer alternativas à BRF", diz. A BRF tem, segundo a Nielsen, pelo menos 70% do mercado de carnes de Natal. "Para ter poder de barganha, os supermercadistas procuram outras empresas", diz Mobaier.
 


A origem dos "frangões"

 

Lançada em 1982, Chester é uma marca registrada da Perdigão, ou BRF - Brasil Foods. O frigorífico foi o criador do produto, que caiu no gosto do brasileiro, por ser mais tenro, úmido e menor que o peru. "O peru não cabe nem no freezer nem no fogão de boa parte dos consumidores", diz Wilson Barquilla, diretor comercial de carnes, aves e peixes do Grupo Pão de Açúcar.

 

A ave surgiu de melhoramentos genéticos feitos no Brasil, na época pela Perdigão, a partir de matrizes de frango escocesas. O Fiesta, da Sadia (também BRF) foi desenvolvido mais tarde, também por meio de matrizes vindas da Escócia.

 

Os dois produtos são aves muito semelhantes ao frango, mas concentram 70% de sua carne no peito e coxas. O frango comum tem só 45% de sua carne nessas partes.

 

Mas nem todos os "frangões" do mercado têm origens escocesas. Alguns frigoríficos, para baratear o produto, usam frangos comuns. A diferença está em sua alimentação, que é mais completa e rica que a dos outros galináceos. O tempo de engorda também é mais longo que a do frango comum, que geralmente pesa cerca de dois quilos. A ave natalina mais vendida no Brasil pesa entre 3,8 quilos e 4,5 quilos, segundo os varejistas. Já o peru pesa mais de cinco quilos. "Nos Estados Unidos, diferentemente daqui, eles preferem os maiores perus, de sete a oito quilos, para mais", diz Sérgio Mobaier, diretor de marketing da Marfrig.
 


Veículo: Valor Econômico


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