O consumidor está satisfeito com a situação atual da economia e das finanças familiares, e moderadamente otimista quanto à evolução da economia nos próximos meses. A análise foi feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) ao divulgar, ontem, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que registrou aumento de 1,5% de outubro para novembro.
De acordo com a FGV, a confiança do consumidor em novembro voltou a registrar nível equivalente ao registrado em meados do ano passado, período anterior à fase mais aguda da crise financeira global, quando mostrou os maiores níveis da série histórica do ÍCC, criado em 2005. Este mês, o ICC atingiu 115,4 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos. Essa pontuação é também o patamar médio mostrado pelo ICC de outubro de 2007 a maio de 2008 - período considerado como "auge" do desempenho do ICC.
O ponto mais alto desta época foi atingido em março de 2008, quando o indicador atingiu 119,1 pontos. O cálculo é do coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV, Aloísio Campelo. "Estamos mostrando sinais de confiança forte do consumidor", afirmou.
De acordo com o especialista, se o ICC continuar a mostrar avanços similares, mostrados pelos meses de outubro e de novembro (quando o ICC subiu 2,2% e 1,5%, respectivamente, ante mês anterior), o índice pode voltar a atingir o mais alto nível da série em fevereiro do ano que vem.
Campelo explicou que as respostas do consumidor sobre a situação atual bateram recorde em novembro e atingiram o maior nível da série, iniciada em 2005. Campelo comentou, porém, que há duas variáveis que não estão muito favoráveis na mente do consumidor: o futuro da situação familiar financeira e a intenção de compras de bens duráveis nos próximos meses. "Não estou dizendo que as respostas para estes dois temas estão ruins, e sim que não estão tão boas como algumas avaliações sobre o presente", afirmou.
Ele lembrou que, devido às decisões do governo de desoneração tributária em vários produtos duráveis nos últimos meses, o consumidor antecipou compras e ficou endividado. Durante meses, isso derrubou as avaliações do consumidor quanto às intenções de compras de bens duráveis, e o deixou cauteloso quanto ao futuro de seu orçamento familiar.
A intenção de compras de bens duráveis já esteve bem pior este ano, e o mês de novembro apresentou um pequeno sinal de melhora neste quesito, após três meses mostrando estabilidade ou queda. Isso é coerente com o momento atual, classificado como "de transição" por Campelo.
Ele comentou que nos últimos meses foram detectados bons desempenhos no mercado de trabalho e da renda real, que agora começam a se refletir nas projeções do consumidor. Os consumidores começam a pagar suas dívidas e o ciclo de endividamento começa a arrefecer. Por isso, o brasileiro volta a pensar em comprar bens duráveis em um futuro próximo.
Na análise do especialista, a permanência de sinais positivos no mercado de trabalho e uma possível redução no nível de inadimplência, nos próximos meses, aliado ao ambiente de continuidade de recuperação da atividade econômica, pode gerar um "ciclo virtuoso" no poder aquisitivo do consumidor.
"É possível que, em termos de ímpeto, nessa virada do ano, o consumidor comece a ajustar seu orçamento e assim tenha possibilidades para comprar mais duráveis" , afirmou. "Porém, é claro que teremos que monitorar isso nos próximos meses, para ver se mantém (a melhora na intenção de compra de duráveis)", disse. (Com agências)
Veículo: Jornal do Commercio - RJ