O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) registrou um recorde histórico ao marcar deflação de 1,68% em 2009. Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas) esta leitura sinaliza resultados de deflação anual também para os outros IGPs, como o IGP-DI e o IGP-M, que devem encerrar pela primeira vez em queda.
"Neste momento, não há a menor dúvida de que eles [o IGP-DI e o IGP-M] também vão encerrar o ano em deflação", disse o coordenador de Análises Econômicas da Fundação, Salomão Quadros.
No mês, o IGP-10 marcou queda de 0,07%, contra alta de 0,07% em novembro, o que para Quadros foi provocado basicamente por quedas de preços espalhadas no atacado. "Se dependesse da evolução de preços no varejo e na construção civil, o IGP-10 teria registrado alta."
O IPA recuou de 0,08% no mês passado para -0,25% em dezembro. Já o índice de preços ao consumidor, medido pelo IPC, avançou de 0,02% em novembro para 0,28% este mês. O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) subiu de 0,11% para 0,25% neste mês.
Os IGPs negativos deste ano devem colaborar para que os preços administrados subam menos no ano que vem. Para 2010, o coordenador da FGV comenta que a meta inflacionária de 4,5% é factível e que, atualmente, não vê motivos para elevação de juros básicos da economia (taxa Selic). "Não temos razão para temer uma explosão inflacionária", afirmou.
Na avaliação do técnico, é preciso monitorar o cenário de movimentação de preços nos próximos três meses. Para ele, uma inflação de demanda, causada por um aquecimento no mercado doméstico e uma retomada mais robusta no ritmo de crescimento econômico, é uma possibilidade que não pode ser descartada - mas não é uma certeza. Ele comentou que é preciso ver qual será o ritmo da velocidade da retomada de crescimento econômico em 2010.
"Não posso dizer que estamos em tendência de deflação", afirmou. Para ele, o cenário de preços atualmente é muito diferente do ambiente que levou a uma sequência de taxas negativas mensais nos IGPs, em meados de 2009. "A deflação, em última análise, foi consequência de uma crise . A influência do cenário internacional nos preços no mercado brasileiro não é uma coisa desprezível."
"Não há razão macroeconômica para um retorno a uma tendência de deflação. A deflação que ocorreu em meados deste ano foi causada por um ambiente recessivo", disse ao completar que a economia será retomada de crescimento nos próximos meses.
Veículo: DCI