A briga entre as redes bancárias pelo poder do comércio varejista vai ser apertada este ano, e começa com a renovação recente da parceria entre o Magazine Luiza e o Itaú Unibanco por mais 20 anos. A meta do varejista é buscar a consolidação de sua expansão, a ser viabilizada por um aporte de R$ 250 milhões vindo do Itaú. Já o interesse da financeira, que viu a proximidade do fim do contrato em 2012 com o magazine - que existia há dez anos -, envolve crédito para o financiamento das vendas a prazo nas unidades da lojista. Enquanto isso, há dúvidas sobre como ficará a situação da Nova Casas Bahia, depois da fusão com a Globex (Ponto Frio), do Grupo Pão de Açúcar. Este último tem contrato com o Itaú, enquanto a varejista de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, líder do setor, há anos atua com o Bradesco.
Para Douglas Pinheiro, coordenador do Curso de Administração das Faculdades Integradas Rio Branco, as instituições financeiras estão animadas com a possibilidade de aumentar as parcerias com o comércio, por causa da expectativa de crescimento da economia para os próximos anos. "A tendência é que o crescimento do País aconteça no mercado interno. Para isso, é preciso aumento de crédito."
Segundo o professor Nuno Fouto, do Programa de Administração do Varejo (Provar) a parceria entre bancos e varejistas possibilita às lojas manter o negócio mais focado apenas nas vendas e no atendimento ao cliente. "Para o varejista fica apenas a questão de investir na ampliação das lojas e atendimento", disse.
Investimentos
No Magazine Luiza, o investimento de R$ 250 milhões visa aumentar o poder de competição da empresa, que neste ano verá disputa acirrada com a fusão de grandes players. Em entrevista ao DCI, o diretor de Marketing do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirmou que o valor é fruto de uma renegociação do contrato de concessão de crédito para o consumidor final do Magazine Luiza.
Sobre a renovação com o Itaú, Trajano acredita que dentro das alternativas que existiam essa foi a melhor. "É um dinheiro que vem livre, não é dívida. É caixa e sem diluição." O plano da companhia é abrir 44 lojas em São Paulo ainda neste ano e, cumprir a meta de chegar ao final de 2010 com 100 lojas na capital e grande São Paulo. "Esse dinheiro é mais do que suficiente para bancar a nossa expansão", diz.
Outro que definiu a questão de sua parceria com o mercado financeiro é o Grupo Pão de Açúcar (GPA), pois renegociou seu acordo com o Itaú Unibanco, que se estenderá até agosto de 2029. O GPA afirmou, na ocasião, que receberia R$ 50 milhões por ano, por meio da aplicação de um caixa adicional resultante da entrada dos recursos da operação.
Porém, com a fusão com a Casas Bahia, conveniada com o Bradesco, fica a dúvida de como ficarão as operações financeiras da nova empresa. Após a transação, os executivos das companhias afirmaram que em um primeiro momento nada muda. Cláudio Galeazzi, presidente do GPA, afirmou que o grupo manterá "por um tempo" o relacionamento com as instituições, para depois optar por um ou por outro modelo ou ainda estudar uma terceira opção.
Especialistas em varejo ouvidos pela reportagem afirmaram que, pela cultura agressiva do setor bancário, a tendência é apenas umas das instituições se manter como parceira exclusiva da mega varejista. Na avaliação do professor Nuno Fouto, a tendência é que o mercado de crédito para o varejo caminhe para a concentração. "Eles vão concorrer para ter exclusividade."
Liquidações
De olho na intenção de compra do consumidor, a briga não fica só entre os bancos, ao contrário. As redes travaram verdadeira batalha na última sexta-feira (8), com uma "guerra de preços baixos" entre o Magazine Luiza e o Ponto Frio. As redes abriram as portas às 5h da manhã com a promessa de fornecer itens com descontos de até 70%. A da família Trajano parece ter saído vencedora, pois afirmou ter alcançado mais de 4,5 milhões de pessoas passaram por suas lojas, para aproveitar a promoção de 4 mil itens em apenas um dia. Às 10h da manhã, na loja do Magazine no Shopping Aricanduva, na capital paulista, as prateleiras do setor de eletroeletrônicos estavam praticamente vazias. Celulares, televisores de LCD e notebooks esgotaram. Algumas unidades da Casas Bahia e Pernambucanas abriram as portas no mesmo horário.
Veículo: DCI