BNDES chancela a política industrial com mais crédito

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Desenvolvimento: Com R$ 100 milhões para aplicar, o Criatec já fez aportes em 19 projetos


 
Originada de uma incubadora, a Enalta atua há dez anos no mercado com sistema de automação para implementos agrícolas voltados principalmente para a cana-de-açúcar, cultura importante na região de São Carlos. Depois de uma década investindo praticamente com recursos próprios, em janeiro a pequena empresa recebeu um aporte de R$ 500 mil do Criatec, fundo para investimentos em projetos inovadores. Com R$ 100 milhões, o fundo tem 80% dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 20% do Banco do Nordeste.

 

Com o aporte, o fundo ficou com 12,5% de participação na Enalta e o dinheiro novo serviu para viabilizar um novo sistema de gestão e controle das máquinas agrícolas voltado para os produtores rurais, informa Cleber Manzoni, diretor da empresa. A expectativa, diz, é dobrar o faturamento de 2010 em relação ao ano passado e o novo sistema de gestão deve ser responsável por um terço das receitas.

 

O Criatec faz parte dos programas para ampliação da inovação, uma das grandes metas da atuação do BNDES levando em conta a política industrial do governo federal. Mais do que isso, é considerado um ícone de como o BNDES conseguiu consolidar nos últimos cinco anos um papel no qual alia a aplicação de recursos em desenvolvimento e também o fortalecimento de outras formas de financiamento, como o mercado de capitais. "O BNDES deixou de ter o dilema de ser banco de investimento ou desenvolvimento. Ele conseguiu financiar empresas e programas sem concorrer nem predar o mercado de capitais. Pelo contrário, muitas vezes, o BNDES cumpriu o papel de financiador ao mesmo tempo em que fortaleceu o mercado", Mario Gomes Schapiro, professor da Direito GV. Apesar de ter poucos recursos na comparação com a capacidade de desembolso total do BNDES, o Criatec, diz, é um bom exemplo desse tipo de atuação porque tem propiciado investimentos em pequenas e médias empresas. Ao mesmo tempo há um fundo de investimento com gestão profissional que seleciona projetos com chances de retorno financeiro na alienação da participação.

 

O Criatec é um fundo de investimento que aplica recursos em participação de empresas nascentes com perfil inovador. Sob gestão da Antera e do Instituto Inovação, o fundo, desde que foi lançado, em 2007, aprovou projetos apresentados por 25 empresas e já investiu em 19 delas.

 

Daniel Matoso, supervisor de prospecção do Criatec, explica que o fundo investe em empresas com faturamento de zero a R$ 6 milhões anuais, com aporte inicial de até R$ 1,5 milhão. A venda da participação societária do Criatec pode acontecer entre dois a dez anos após o aporte de recursos. Ao mesmo tempo em que investe, explica Matoso, o fundo dá um "choque de governança". "A ideia é fazer com que uma tecnologia interessante possa ter mercado, com uso de instrumentos de inteligência financeira até o levantamento de canais de distribuição."

 

Cerca de 40% das empresas que receberam aportes do Criatec estão no interior paulista, mas há empreendimentos em estudo em regiões do Norte e Nordeste.

 


Veículo: Valor Econômico


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