O alongamento dos prazos de pagamento tem ganhado importância nas decisões de compra dos consumidores brasileiros. O crescimento da renda continua apresentando grande peso sobre as vendas no varejo, mas, com a alta liquidez no mercado financeiro e as facilidades de crédito, os prazos têm cada vez mais sustentado o consumo.
Um estudo do Programa de Administração do Varejo (Provar), da FIA (Fundação Instituto de Administração), mostrou que quando há elevação de 1 ponto percentual na renda do brasileiro, as vendas tendem a crescer em 0,78%. Já quando há alta de 1 ponto percentual no prazo médio do pagamento, as vendas avançam em 0,44%.
Os dados são referentes às projeções da instituição para 2010 e, quando comparados com os anos anteriores, se mostram reveladores. O efeito do aumento em 1 ponto percentual na renda sobre as vendas do varejo era de 0,93% em 2008 e de 0,79% em 2009, o que evidencia a perda de importância da massa salarial sobre o consumo. Ao mesmo tempo, com o aumento do prazo médio na mesma proporção, a resposta nas vendas passou de 0,15% em 2008 para 0,28% em 2009.
"Temos verificado um aumento drástico da importância do prazo médio nos negócios varejistas", constatou o coordenador geral do Provar, Claudio Felisoni. "Isso, em grande parte, é devido à ampliação da classe C, que fez com que a proporção de pessoas de renda mais baixa fosse maior no bolo do consumo. Essas pessoas precisam de maiores prazos para suas compras", explicou o especialista.
A pesquisa do Provar mostrou ainda que o consumidor brasileiro continua confiante e deve ir às compras neste fim de ano. A proporção de entrevistados que afirmou sua intenção de comprar no varejo passou de 75,6% no terceiro trimestre para 76,2% nos últimos três meses do ano, evidenciando as boas perspectivas para o Natal.
Dos dez grupos de produtos analisados, a categoria cine e foto liderou a intenção de compras, com 14,2% dos entrevistados afirmando sua pretensão de comprar nesse segmento. Em seguida ficaram os eletroeletrônicos, com 13,2%, e os produtos de informática, com 12,4%. "Esperamos um Natal 10% melhor do que o observado em 2009", observou Felisoni.
Em todas as categorias do varejo (com exceção de cama, mesa e banho), a maioria dos consumidores mostrou intenção de utilizar crédito na hora da compra. No topo do ranking está automóveis e motos, com 90% dos entrevistados afirmando que devem realizar as compras a prazo. Logo depois vem móveis, com 83,3% e informática, com 80,6%.
"Chegamos à conclusão que, do orçamento dos consumidores em geral, 13,3% já está comprometido com crediário, o que faz com que sobre 15,9% para outras despesas", afirmou Felisoni. A amostra da pesquisa englobou 500 consumidores na cidade de São Paulo, entrevistados entre 27 de setembro e 8 de outubro deste ano.
Veículo: Valor Econômico