Os empréstimos começaram a ficar mais pesados no bolso do consumidor neste início de ano. Isso porque os financiamentos para comprar bens duráveis estão mais caros e o número de parcelas está diminuindo. Efeitos da medida do Banco Central anunciada no fim de 2010 para desestimular a economia.
Passado o período de liquidações, os produtos antes parcelados em dez vezes sem juros no cartão de crédito, agora são vendidos só em três vezes.
O Diário constatou que para manter o preço do refrigerador frost free de 378 litros, que custa desde dezembro R$ 1.999 dividido em dez vezes sem juros, uma grande rede reduziu as parcelas para três de R$ 663,33.
A mesma situação aconteceu com o micro-ondas de 30 litros. O eletrodoméstico comercializado por R$ 379 em dez vezes sem juros, já em dezembro passou para três parcelas sem juros de R$ 126,33.
Segundo o diretor de relações institucionais da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), Luís Augusto Ildefonso da Silva, as redes estão diante de duas situações: aumentar o preço do produto para embutir nele os juros no valor das parcelas e, assim, manter o número de cotas entre dez e 12 vezes ou reduzir o número de prestações.
"Os critérios para concessão de crédito aos consumidores também estão mais rígidos. Por enquanto a inadimplência está controlada, mas se houver aumento o cenário ficará mais restritivo para aqueles que necessitam de crédito", avalia o executivo.
Silva orienta as pessoas a programarem suas compras para não perder dinheiro com o pagamento de juros. Ao financiar determinado item vale a pena dar entrada para conseguir melhores condições de crédito. "Aos poucos o consumidor está se preocupando com o quanto de taxa paga ao contratar empréstimos. Ele está cada vez menos emocional e se tornando mais racional".
Os mais atentos no momento de pesquisar condições para adquirir um automóvel zero-quilômetro também notaram alterações na taxa de juros. A financeira de uma montadora cobrava em novembro juros de 1,29% para financiar veículo de R$ 27.390 em 60 vezes. Agora a taxa subiu para 1,69% para o plano sem entrada.
O gerente de zero-quilômetro de uma concessionária do Grande ABC, Alessandro Basso, endossa que a financeira da montadora não fez alterações no prazo de financiamento. "Conforme o valor da entrada, a taxa de juros tende a ser menor."
PERCEPÇÃO - Para o economista-chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, os consumidores vão notar o reflexo dos juros maiores e prestações menores com facilidade a partir de fevereiro. "O custo de captação ainda não foi repassado inteiramente. O varejista que tiver mais fôlego manterá as condições de financiamento por mais tempo."
Veículo: Diário do Grande ABC