A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ignorou as regras do Mercosul e está colhendo os benefícios. Para driblar as barreiras contra os produtos importados, cada vez mais empresas estão se instalando na Argentina. Em 2000, cem companhias brasileiras operavam no país vizinho. Hoje são mais de 270. É uma alta de 170%.
Apenas nos últimos meses, cruzaram a fronteira empresas como Baterias Moura e Vicunha Têxtil. As companhias desistiram de utilizar o Brasil como base de produção e exportação para a Argentina, porque o Mercosul não consegue garantir a livre circulação de mercadorias. Com os resultados positivos da estratégia protecionista, o governo argentino está fechando mais o cerco. Na semana passada, elevou em 50%, de 400 para 600, o número de produtos sujeitos a licenças não automáticas de importação - um mecanismo que burocratiza a entrada dos produtos importados.
No fim de 2010, a pernambucana Baterias Moura entrou em acordo com o governo argentino e decidiu instalar uma fábrica em Pilar, a 60 quilômetros de Buenos Aires. A unidade será inaugurada em novembro. Serão investidos US$ 30 milhões e gerados 250 empregos. Além de atender o mercado local, a Moura vai transformar a Argentina em sua base de exportação para os países do Cone Sul.
"Percebemos que era inevitável o fortalecimento da indústria de autopeças da Argentina, por causa do crescimento do mercado local de carros. As medidas restritivas aceleraram a decisão", disse Elisa Correia, responsável pela área de exportação da Moura. Em uma nota oficial distribuída na semana passada para explicar as novas medidas restritivas, a ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, afirmou que "a estratégia de comércio administrado para resguardar os postos de trabalho, deu resultados satisfatórios à nossa indústria, que conseguiu substituir importações no valor de US$ 9,2 bilhões no último ano".
Veículo: O Estado de S.Paulo