Alta da inflação já reduz poder de compra no país

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Preços subiram mais do que salários, causando queda no rendimento

 

Perda média é de R$ 23 de outubro a fevereiro; trabalhadores devem fazer pressão por maior reajuste salarial

 

O aumento dos preços já está corroendo os ganhos salariais dos brasileiros.
Apesar dos fortes reajustes conquistados no ano passado, o rendimento real médio (quando é descontada a inflação) ficou menor nos últimos meses. Passou de R$ 1.563,88 em outubro para R$ 1.540,30 em fevereiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 

A queda acumulada é de R$ 23,58, ou 1,5%, maior perda em dois anos, aponta relatório do Itaú.
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 89% dos reajustes salariais de 2010 ficaram acima da inflação.

 

Mas, na avaliação do economista do Santander Cristiano Souza, com a aceleração dos preços no fim do ano passado, na prática, "os aumentos reais podem não ter sido tão grandes assim".

 

Ele observa que, durante as negociações de 2010, a inflação acumulada em 12 meses estava em cerca de 5%. A partir de outubro, a alta de preços se acentuou e levou a taxa a 5,9% em dezembro.
"Esse 0,9 ponto percentual faz diferença: o consumidor perdeu poder de compra. Houve uma surpresa inflacionária", ressalta.

 

Atualmente, o IPCA -índice oficial de inflação- está acumulado em 6,01% em 12 meses, e a projeção de economistas é de que baterá 7% em agosto.
Segundo Souza, existe um risco da perda do rendimento real alimentar mais a inflação, pois os trabalhadores tendem a pressionar por reajustes salariais que recomponham seu poder de compra.

 

O sucesso dessa demanda dependerá da escassez de mão de obra em cada setor e da percepção do empresário. Se ela for de que o consumo interno permanecerá forte, ele tende a conceder o aumento e repassar a alta de custos para os preços finais.
"Os trabalhadores vão buscar reajustes maiores, e as principais negociações acontecem no terceiro trimestre, justamente quando a inflação vai estar no pico", observa Carlos Thadeu Filho, economista sênior da Franklin Templeton.

 

REGIÕES

 

Das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, quatro registraram queda no rendimento real de outubro a fevereiro. As maiores perdas, de 11%, foram em Recife e Salvador.

 

Além do efeito da inflação, as duas metrópoles também tiveram forte decréscimo dos salários nominais, na faixa de 8%, em igual período.
"Essa queda é consequência do aumento da contratação de temporários no fim do ano e nas férias. Esses profissionais costumam ganhar menos", disse o coordenador de
Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.Em São Paulo, onde a contração do rendimento real começou um mês antes, a perda acumulada é de 2,14%.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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