Brasileiro usará o 13º para pagar dívida

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Pesquisa mostra que o número de consumidores que planeja quitar débitos é o dobro em relação ao que pretende fazer compras


O número de brasileiros que planeja gastar a segunda parcela do 13º salário para pagar dívidas neste ano é o dobro em relação ao que pretende usar esse dinheiro extra para ir às compras de Natal. Isso reforça a expectativa de que o resultado de vendas por ocasião das festas de fim de ano deve ser moderado em 2011. De setembro para outubro, as vendas do comércio varejista ficaram estagnadas, informou ontem o IBGE.

Pesquisa do Instituto Ipsos e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com cerca de mil consumidores de todas as classes sociais em nove regiões metropolitanas e 70 cidades espalhadas pelo interior do País, revela que 36% dos entrevistados vão usar a segunda parcela do 13º salário para pagar dívidas. Já a fatia dos que pretendem gastar com consumo é de 18%.

O porcentual dos que pretendem quitar dívidas é o maior em três anos, quando esse quesito começou a ser pesquisado. Em 2009, por exemplo, 22,5% dos consumidores revelaram que iriam gastar os recursos com dívidas, a mesma parcela dos que pretendiam gastar com compras. No ano passado, 26,5% dos consumidores informaram que quitariam débitos já assumidos e 22,4% destinariam esses recursos para compras. A novidade neste ano é que a diferença entre a parcela dos que vão quitar dívidas e a dos que vão gastar aumentou muito.

"Isso mostra que o consumidor irá às compras neste Natal, mas não como no ano passado. O Natal será morno", diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Ele destaca, por exemplo, que maior destinação dos recursos da segunda parcela do 13º para quitar débitos reflete o elevado endividamento da população e a preocupação de se livrar das pendências. Em novembro, por exemplo, pela primeira vez neste ano, o porcentual de crescimento de dívidas vencidas quitadas (10,4%)superou o de crediários com prestações em atraso (9,7%), na comparação com o mesmo mês de 2010.

Além do pagamento de dívidas, a pesquisa mostra que essa receita extra do trabalhador está sendo disputada por outros segmentos da economia. Neste ano, por exemplo, 10% dos entrevistados informaram que vão gastar esses recursos com viagens. É exatamente o dobro do registrado em 2009 (5%).

Otimismo. Apesar de mais cauteloso, o otimismo do consumidor atingiu níveis recordes no mês passado. Em novembro, o Índice de Nacional de Confiança (INC) bateu 170 pontos, a maior marca desde dezembro de 2010 (163 pontos). Numa escala de zero a 200, o INC revela otimismo quando está acima de 100 pontos e pessimismo, abaixo de 100. Em outubro, o INC estava em 157 pontos e em 159, em novembro de 2010. O aumento da confiança foi puxado pelas variáveis sobre a situação econômica e financeira futura, não a atual, indica a ACSP.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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