Indústria admite pessimismo pós-PIB zero

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Setor de eletroeletrônicos reduz investimentos em 15% neste ano com a concorrência de produtos importados


Têxteis, máquinas e brinquedos também foram afetados; automotivo e bebidas mantêm confiança


No fim de ano em que a economia parou -o PIB (Produto Interno Bruto) do país ficou estagnado no 3º trimestre-, setores da indústria mais afetados pela concorrência de produtos importados reduziram investimentos.


O PIB industrial teve retração de 0,9% no período.


O segmento de eletroeletrônicos, por exemplo, investiu em 2011 15% menos que em 2010 -mesmo percentual do aumento das importações desses itens este ano (veja quadro ao lado), de acordo com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).


Os setores têxtil e de confecções, máquinas e brinquedos também foram prejudicados pela "concorrência desleal" dos importados, que entram no mercado a preços muito baixos, afirma a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).


"Todos estão revisando os seus planos", diz Paulo Skaf, presidente da instituição.


"Além da concorrência dos importados, as medidas do governo no início do ano para frear a demanda [alta do juro básico e contenção do crédito] pesaram. Quem tem medo de demanda tem medo de desenvolvimento."


O executivo destaca que a recente retomada da queda dos juros [a Selic está agora em 11% ao ano] e do estímulo ao crédito "demora meses" a fazer efeito.


"Se a crise externa piorar em 2012, a indústria brasileira estará mais enfraquecida do que já esteve", completa.


"BRASIL É A SAÍDA"


Mas Otto Nogami, professor de economia do Insper, destaca que o "Brasil é a saída" para muitas multinacionais" da Europa e dos EUA -mercados saturados e em crise- gerarem caixa.


É o caso do setor automotivo. Nesse cenário, a Anfavea (associação dos fabricantes), que anunciou alta na venda de veículos no mercado interno neste ano (3,6 milhões de unidades) 3% maiores que em 2010, prevê expansão de 4% a 5% em 2012.


Além disso, a associação informou que o plano de investimento de US$ 22 bilhões das montadoras entre 2011 e 2015 está mantido.


Outro setor confiante no suporte da demanda doméstica é o de alimentos e bebidas. A Ambev afirma manter o plano de investimento no país -que terá sido de R$ 2,5 bilhões no fechamento de 2011, o "maior já feito em um ano no Brasil" pela empresa.


No varejo, que leva a produção da indústria ao consumidor, o discurso é sobre tranquilidade, pelo menos no momento.


"A parada vista na indústria no 3º trimestre, se chegar aos supermercados, será 2º trimestre de 2012. Mas, como o governo já está reagindo [com medidas expansionistas], é possível que nem chegue", diz João Galazzi, presidente da Apas (Associação Paulista de Supermerdados).


"Acreditamos em crescimento forte no início de 2012, também alimentado pela 'desova' de estoques que a indústria deve fazer."


Veículo: Folha de S.Paulo


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