Inflação sobe e ameaça estourar meta

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Com a alta de 0,52% em novembro, o IPCA só não vai estourar o teto da meta em 2011 se o resultado de dezembro for inferior a 0,50%


A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,52% em novembro, após ter ficado em 0,43%. O resultado despertou temores de que a inflação possa não ficar dentro do teto da meta do governo, de 6,5%, ao fim de 2011. Para tanto, seria necessária uma taxa de inflação de, no máximo, 0,50% em dezembro, segundo o IBGE.

 

No mercado futuro, os contratos de juros reagiram à notícia de aceleração da inflação com valorização e fecharam em alta. Por enquanto, nos 12 meses terminados em novembro, o IPCA acumula uma variação de 6,64%. "Se a taxa de dezembro for mais de 0,50%, (o IPCA de 2011) sai de 6,5%. Se for menos, fica abaixo dos 6,5%", afirmou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

 

Para a próxima leitura, podem contribuir para desacelerar a inflação a decisão do governo de reduzir o IPI de eletrodomésticos da linha branca, como fogões, máquinas de lavar e geladeiras, além do corte na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis. Em novembro, a redução do imposto contribuiu para a queda de 0,25% na gasolina.

 

O aumento de preços das carnes (2,63%) foi o principal responsável pela inflação no mês, influenciado por um repasse dos custos de produtores com ração e pelo aumento da demanda devido à proximidade das festas de fim de ano. Como resultado, o grupo alimentação e bebidas teve alta de 1,08% e foi responsável por quase metade (48%) do IPCA de novembro.

 

Por outro lado, as passagens aéreas e os combustíveis deram trégua para o índice de inflação. Os preços dos voos subiram menos (3,91%) em relação a outubro e a gasolina ficou mais barata, apesar de o etanol ter aumentado (1,28%) antecipando a entressafra da cana.

 

Projeções. A LCA Consultores projeta que o IPCA subirá exatamente 0,50% em dezembro, fechando o ano a 6,50%. "É factível", disse Flávio Samara, economista da LCA. A consultoria se apoia na expectativa de alguma desaceleração do grupo alimentação e bebidas, em resposta defasada à descompressão registrada pelos produtos agropecuários no atacado ao longo de outubro, mas também em relevante deflação no grupo artigos de residência, graças à redução do IPI.

 

Já a expectativa da Tendências Consultoria Integrada é de uma inflação de 0,53% para dezembro, o que levaria o IPCA a terminar o ano com uma inflação de 6,53%. Segundo os analistas Alessandra Ribeiro e Thiago Curado, da Tendências, causa preocupação a permanência da inflação de serviços em patamar elevado (de 0,57% em outubro para 0,59% em novembro).

 

"Chama atenção o fato de a inflação de serviços não ceder mesmo em meio a um cenário de claro desaquecimento da economia, inclusive do componente serviços. Assim, podemos te baixo crescimento com taxas de inflação elevadas", alertaram Alessandra e Curado. De janeiro a novembro, os preços dos serviços subiram 8,75%, muito acima da alta de 5,97% do IPCA no período.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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