Carga tributária tira poder de compra do brasileiro e impede ganho maior

Leia em 2min 40s

Segundo dados do IBPT, a incidência de tributos no país consome 40,8% da renda, o que equivale a 149 dias de trabalho


brasileiro nos últimos anos, a elevada carga tributária nacional ainda corrói grande parte do salário dos trabalhadores. Dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) apontam que a arrecadação subiu 17% no ano passado, acima dos 14% do reajuste nominal do salário mínimo fixado pelo governo federal — de R$ 545 para R$ 622. “Apesar de mostrar que há mais recurso nas mãos dos trabalhadores, a arrecadação sobe muito acima da renda. Isso mostra que na verdade há falta de renda”, diz Fernando
Steinbruch, diretor do IBPT.

E é a incidência de tributos indiretos sobre produtos a principal vilã. Em média, o contribuinte trabalha 149 dias para pagar impostos, o que significa 40,82% do salário, de acordo o IBPT. Só a arrecadação sobre o consumo corresponde à metade da carga tributária. “Quando olhamos para o sistema tributário dos EUA, ele é inverso ao nosso, uma vez que a cobrança se dá mais sobre renda e patrimônio e menos sobre o consumo, o que é injusto”, diz.

Os impostos sobre bens e serviços no Brasil são de quase 40%, enquanto nos EUA a taxa varia de 4%a 7%, dependendo do estado, o que eleva — e muito — o poder de compra dos americanos. Já no Brasil, além da alta tributação, a inflação também apresenta ameaça ao ganho real, tendo efeito nas camadas mais pobres, com menor renda, segundo aponta Silvia Matos, economista do Ibre. “Fechamos 2011 com a inflação no teto da meta — 6,5%. A alta mais destacada foi a de serviços, de 9% e para este ano a projeção é
queela fiqueem7,8%, o que é ainda elevado.”

Para o economista do Dieese, Ilmar Ferreira Silva, o salário mínimo deve atingir R$  1.000 dentro de um período de oito a nove anos. “Isso se o PIB do Brasil continuar crescendo a uma taxa de 4,5% ao ano”, diz.Emtermos internacionais, o ganho real comparado ao dólar equivale a US$ 1,57 por hora trabalhada, cotado a uma taxa de câmbio de R$ 1,80. Enquanto a hora trabalhada americana paga cerca de US$ 7,25. Quando traduzidos por 44 horas semanais, a renda per capta do trabalhador americano é de US$ 29 mil por ano e a do brasileiro ficaemtorno de R$ 8 mil, atribuindo a esse resultado o salário, férias e 13º salário. “Ou seja, o trabalhador americano ganha quase quatro vezes mais que o brasileiro, enquanto o valor do salário mínimo equivale a um quarto do americano”, diz o professor de economia do Ibmec, José Ricardo da Costa e Silva. Para Silva, apesar de ainda estarmos emníveis de renda muito inferiores ao dos EUA, há uma melhora substancial por conta da estabilidade de preços e da apreciação cambial, que faz com o mínimo cresça mais em dólar. “Isso aumenta o poder de compra em moeda estrangeira e dá ao consumidor brasileiro maior acesso a bens e serviços”, dis. “A política de valorização do mínimo e a valorização do câmbio contribuíram também para a ascensão da classe C, que passou de 20% do PIB para 50%.” ■
 

Veículo: Brasil Econômico


Veja também

Preços no atacado sobem 4,12%

A inflação no atacado medida pelo IPA-DI encerrou 2011 com alta de 4,12%, segundo a Fundação...

Veja mais
Inflação deve cair, mas sem atingir centro da meta

O cenário para a inflação neste ano deverá mais tranquilo do que o de 2011, contando com um ...

Veja mais
Holland prevê pressão menor sobre preços

A inflação de 2011 foi um ponto fora da curva, e a forte pressão sobre os preços não ...

Veja mais
Inadimplência do consumidor registra alta

Após dois anos seguidos de queda, calote no país fechou exercício passado com aumento de 5,34%.N&ua...

Veja mais
País perde espaço para vizinhos da AL

O Brasil perdeu espaço para a vizinhança ao longo do ano passado em operações de finan&ccedi...

Veja mais
Café e óleo de soja sobem em todas as capitais e puxam valor da cesta básica

Parte dos itens que compõem a cesta básica teve alta generalizada em 2011. Os preços de café...

Veja mais
Depois de cair 2,65%, indústria cresce 0,3%

A taxa de câmbio um pouco mais depreciada, a ligeira redução de estoques em alguns setores e a baixa...

Veja mais
Custo da cesta básica avança nas principais cidades do Brasil

Apenas uma de 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômi...

Veja mais
Estiagem no sul e chuva no SE ameaçam produção nacional

Problemas agravados pelo fenômeno climático La Ninã, como a chuva no sudeste e centro-oeste e a seca...

Veja mais