Vendas a prazo têm alta de 5,3% neste início de ano

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As vendas a prazo medidas pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços (BVS), cresceram 5,3% nos primeiros quinze dias úteis deste ano, em comparação com o mesmo período de 2011. Boa parte destas vendas foram impulsionadas por liquidações de bens duráveis promovidas pelo varejo.
 
Até o dia 10, por exemplo, o indicador de vendas a prazo atingiu o pico de crescimento no ano, de 7,2%. Nos dias seguintes, porém, ele arrefeceu, enquanto a curva foi oposta nas vendas à vista (medidas pelo  SCPC Cheque, também da BVS), que subiram 2,4%. Na primeira semana do ano, as vendas à vista haviam aumentado apenas 0,1%. Pela  média das vendas à vista e a prazo, o crescimento registrado foi de 3,8%.
 
"O consumidor, apesar de otimista, conforme dados da última pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)/Ipsos, continua mais cauteloso em relação aos gastos, dando prioridade à quitação ou renegociação das dívidas neste início de ano", afirmou Rogério Amato, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
 
O resultado das vendas no começo deste ano foi menor do que o apurado no mesmo período do ano passado, quando as operações a prazo cresceram 8,8%, e à vista, 12,3%. "Os números das vendas a prazo mostram que as liquidações acabaram rápido porque os estoques não eram tão grandes. As vendas à vista, por outro lado, começaram a subir no final da quinzena, após o recebimento dos pagamentos", afirmou o economista da ACSP, Emílio Alfieri.
 
No caso das vendas à vista, o resultado também mostrou o consumidor mais cauteloso na hora de gastar, mesmo pequenos valores. Além disso, segundo Alfieri, o clima não foi favorável, com muitos dias nublados e chuvosos neste - início de mês, o que influenciou as vendas das peças da coleção Primavera-Verão.
 
Inadimplência – Para o economista da ACSP, um fator que refletiu nas vendas a prazo foi a inadimplência, já que na primeira quinzena deste mês o consumidor priorizou a renegociação e a quitação de dívidas.
 
Já os registros de inadimplência cancelados – no carnê, com atraso superior a 30 dias  – cresceram 10,9% nos primeiros quinze dias úteis do anos ante igual período de 2011. O número de registros recebidos cresceu 6,5% nesta primeira quinzena.
 
Alfieri disse que muitos preferiram utilizar o décimo-terceiro salário e a renda da participação nos lucros da empresa para reorganizar as contas. Na primeira quinzena de 2011 a inadimplência foi menor: 0,4% de registros recebidos. Mas houve queda de 3,8% nos registros cancelados, o que mostrou que muitos consumidores 'rolaram' os débitos. "Isso não era preocupação, mas agora é. O consumidor ficou mais responsável", disse Alfieri.
 
Segundo o economista, este ano a inadimplência deve permanecer no mesmo patamar de 2011, mas ainda  sob controle. "Se não houver um evento de crédito como o agravamento da crise da zona do Euro, nem recessão e desemprego no Brasil, a inadimplência tende a ficar estável. Mas só para um cenário pessimista — e menos provável", afirmou.
 
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br - leia mais na página 14) – que é uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) – apontou um crescimento de 2,88% no período de janeiro a novembro, contra o mesmo período de 2011. "Ele mostrou que a economia deve continuar a crescer moderadamente. Mas também é preciso aguardar o resultado das medidas do governo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom, que começa hoje e termina amanhã para decidir a taxa básica de juros)", completou.



Veículo: Diário do Comércio - SP


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