Empresas brasileiras de médio porte inovam pouco, diz estudo

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Maioria não faz parcerias nem usa incentivos para inovação, segundo a Fundação Dom Cabral


Para empresários das companhias médias, falta uma cultura de inovação no país; burocracia também é criticada

As empresas médias brasileiras inovam pouco, desconhecem incentivos fiscais à inovação e fazem poucas parcerias com universidades e com institutos de pesquisa.

Esse retrato veio à tona em um estudo inédito da FDC (Fundação Dom Cabral) apresentado em Belo Horizonte e acompanhado pela Folha.

Hoje, 80% das médias não usam incentivos fiscais para inovar (metade delas por desconhecer esses incentivos), 69,4% não fazem parcerias e 29% afirmam que a inovação não está nem na ideologia da empresa.

Os pesquisadores da FDC estudaram as empresas médias (faturamento de R$ 16 milhões a 300 milhões), pois elas fazem parte do processo inovativo das grandes empresas. "As médias prestam serviços e inovam às vezes por demanda das grandes", diz Fabian Salum, da FDC.

Ou seja: se as empresas médias vão mal, as grandes sofrem por "efeito cascata".

Além disso, as empresas médias têm peso na economia industrial. Hoje, dentre as empresas de "alto crescimento" (cujo pessoal assalariado cresce mais de 20% ao ano), as médias concentram 25% do total da mão de obra.

O estudo consultou 149 empresas médias do país para avaliar o que fazem -se fazem- para inovar.

O levantamento mostra que a maioria desconhece os sistemas nacionais para o processo inovativo -como os incentivos fiscais. Esses incentivos são, por exemplo, as linhas de fomento de fundações de amparo ou do governo à pesquisa em empresas.

INCENTIVOS

Quem usa incentivos prefere (47%) o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) -que anunciou ontem que deve dobrar os desembolsos de inovação neste ano em comparação com 2011, quando foram investidos R$ 3 bilhões.

Mas ter o dinheiro não basta. "Nós acabamos não usando os incentivos por dificuldade. Há muita burocracia", diz Janete Vaz, diretora executiva do Laboratório Sabin, empresa do setor de serviços que participou do estudo.

A principal inovação no Sabin é nos processos. O mesmo acontece na Teckma Engenharia, que vende soluções em montagens comerciais e em instalações industriais.

"Temos uma dificuldade cultural para inovar", diz o diretor-presidente da empresa, Fábio Barione. A Teckma abriu um escritório há dois anos nos EUA "para ter acesso à cultura de inovação".

Empresas de médio porte costumam ser estudadas junto com as pequenas, formando o grupo das "PMEs."

Mas, de acordo com os especialistas da FDC, as médias brasileiras são mais parecidas com as grandes do que com as pequenas.


Veículo: Folha de S.Paulo


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