Para o setor, é preciso desonerar a cadeia e aumentar os aportes em infraestrutura.
As últimas medidas do governo federal, de estímulo ao consumo e ao setor produtivo, podem dar algum alento à indústria brasileira a partir dos próximos meses. A expectativa do mercado é de recuperação das perdas ao longo do segundo semestre, com perspectiva de retomada de investimentos somente a partir do primeiro trimestre de 2013. No entanto, continua o alerta: para aumentar a competitividade da indústria brasileira é preciso desonerar a cadeia produtiva e aumentar os aportes em infraestrutura.
O presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, reconhece que o nível de insatisfação no segmento vem crescendo e o dos investimentos, caindo. Principalmente em setores como têxtil, calçados, bens de capital e siderurgia, que enfrentam a forte concorrência dos produtos chineses. "O setor siderúrgico já tem informado revisão em seus planos de investimentos", observa, lembrando, no entanto, que Minas, por sua economia peculiar, conseguiu uma "equação neutra".
Isto porque segmentos de grande importância na economia mineira, como o extrativo mineral e o automotivo, têm conseguido realizar novos investimentos e, assim, garantem ao Estado um certo "grau de neutralidade". Ou relativa estabilidade. Fernandes observa que a mineração está inserida num mercado globalizado e, por isso, trabalha com perspectivas de longo prazo.
Nesse sentido, ainda que o consumo tenha apresentado alguma queda, com redução de preços, o segmento consegue se manter estável devido a suas boas margens. Outros setores que têm se tornado boas promessas de investimentos são os de gás e energia, com a perspectiva de construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Infraestrutura - Há, no entanto, segundo o dirigente, um setor que poderia agregar maior valor à economia mineira e que continua muito "fraco": o de infraestrutura. "O governo federal tem anunciado muito e feito pouco", critica Fernandes, lembrando que há atrasos na execução de obras como ferrovias, rodovias, portos e aeroportos.
Recentemente, a presidente Dilma Roussef, em visita a Belo Horizonte, assinou termo de compromisso para elaboração de projeto executivo do Anel Rodoviário, com previsão de repasse de recursos da ordem de R$ 17,3 milhões. "Gasta-se muito com projeto, mas quase não se veem obras", aponta Fernandes, para quem "da prancheta para o campo perde-se muito tempo".
Apesar da demora do governo federal em investir em infraestrutura, o dirigente reconhece como positivas as recentes medidas de estímulo ao consumo. Segundo ele, a expectativa é de que já nos próximos meses o mercado perceba o impacto positivo do aumento de demanda, estimulado pela redução das taxas de juros (tendo como referência o índice histórico de baixa da Selic, de 8,5%), ampliação de prazos de financiamento e isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis zero quilômetro 1.0 e linha branca.
Para o último trimestre deste ano é aguardada recuperação da economia, com aumento de produção e perspectivas de inversões. Mas nesse caso, adverte Fernandes, serão investimentos bem localizados, focados em adequações e modernizações visando ao aumento de produtividade. Somente a partir do primeiro trimestre de 2013, acredita, "serão feitos investimentos de peso, com abertura de novas unidades industriais".
Veículo: Diário do Comércio - MG