BC prevê menos crescimento, mais inflação e indica que não vai subir juros

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A economia brasileira vai crescer menos e conviver com mais inflação este ano, informou o Banco Central. Por outro lado, a taxa de juros não deverá subir no ano que vem, ao contrário do que vêm afirmando os analistas do mercado financeiro. As novas projeções fazem parte do Relatório de Inflação, divulgado ontem.

A previsão de crescimento do PIB foi cortada de 2,5% para apenas 1,6%, nível classificado de "piada" pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, há apenas três meses. Ontem, ele evitou a imprensa. Passou a manhã reunido com a presidente Dilma Rousseff. O Planalto minimizou o corte da estimativa, avaliando que a economia já está reagindo aos estímulos dados pelo governo.

Também a inflação ficará maior do que o esperado. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá chegar ao fim do ano em 5,2%, ante 4,9% projetados em junho. Para 2013, a projeção é de 4,9%.

Os valores estão acima do centro da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas dentro da margem de tolerância de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton de Araújo, não descartou novos cortes na taxa básica de juros, atualmente em 7,5%. Reconheceu, porém, que, após a redução de 0,5 ponto realizada no fim de agosto passado, "o espaço para corte dos juros diminuiu".

Araújo também avaliou que, em 2013, os preços seguirão comportados. "Entendo que há mais risco para baixo do que para cima." As duas declarações, combinadas, foram lidas pelo mercado financeiro como sinal que os juros permanecerão estáveis em 7,5% por um bom tempo, contrariando as estimativas dos analistas privados, que projetam a taxa em 8,25% no fim de 2013. Mas concordam com o que disse o ministro Mantega ao Estado no dia 16: que não será necessário subir os juros no ano que vem.

Os números do BC, porém, destoam das declarações de Mantega em outros pontos. Ao avaliar que a atividade econômica está em recuperação, o Relatório estima que, no fim do primeiro semestre de 2013, a economia estará crescendo a uma velocidade de 3,3% ao ano. É bem distante do que espera Mantega - uma taxa anualizada na casa dos 4% nos próximos três meses.

Houve diferença também em relação ao impacto do corte nas contas de luz sobre a inflação de 2013. Enquanto Mantega espera uma redução de até 1 ponto porcentual na taxa, o BC fala em efeito "na vizinhança" de 0,5 ponto.

No Relatório, o BC ainda alfineta o Ministério da Fazenda em relação à política fiscal. Essa variável era tratada pela autoridade monetária como um auxílio no corte de juros, mas ontem foi classificada como "ligeiramente expansionista". Grosso modo, quer dizer que o governo vem aumentando os gastos, o que pode puxar a inflação para cima.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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