A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo, pela quinta vez consecutiva, a projeção de aumento no volume de vendas do comércio varejista restrito para 2014, de 4,5% para 4,4%, índice muito próximo da expansão de 2013 (4,3%).
A nova revisão foi influenciada pelo Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec), que caiu 1% em julho ante junho, para 108,4 pontos - 7% abaixo de julho do ano passado e o mais baixo nível da série, iniciada em 2011. Crédito mais caro e inflação ainda persistente inibem a intenção de compras do consumidor, e têm reduzido as expectativas dos comerciantes, afirma Fábio Bentes, economista da CNC.
"Os juros bancários médios dos empréstimos para pessoas físicas subiram pelo quinto mês seguido em maio deste ano, para 42,5% ao ano. É o maior nível desde julho de 2011", afirmou o economista. Segundo ele, para a pessoa jurídica, o aumento, no período, foi de 22%. "Isso inibe compras e prejudica as vendas. "
É possível que o desempenho no segundo semestre seja melhor do que o do primeiro, que foi afetado por uma inflação mais pressionada, diz Bentes. "Mas não será nem perto do que tivemos no segundo semestre de 2013, quando o volume de vendas do varejo cresceu 5,8% em relação a igual período em 2012", afirma.
O economista não descartou a possibilidade de que o cenário desfavorável prossiga no começo de 2015. Como não deve haver redução expressiva dos juros, esse fator de inibição de compras, que afeta principalmente as vendas a crédito, deve persistir.
A economia enfraquecida é outro fator a ser levado em consideração, segundo Bentes. No Icec de julho, 70% dos empresários avaliam que a economia está pior do que há 12 meses, o que tem impacto expressivo sobre a demanda. "E não podemos nos esquecer do mercado de trabalho, que não apresenta mais sinais tão favoráveis como há um ano", afirma.
Veículo: Valor Econômico