IPCA recua e abre espaço para a alta da gasolina

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Por Claudia Safatle | De Brasília



Mesmo com um reajuste de 4% a 5% nos preços da gasolina e um aumento um pouco maior para o óleo diesel, após as eleições de outubro, a expectativa do governo é que a inflação de 2014 fique entre 6,1% e 6,3%. Patamar, portanto, muito acima da meta de 4,5% mas dentro do intervalo de tolerância (dois pontos percentuais para cima ou para baixo).

Se esse cenário se confirmar, no governo Dilma Rousseff a inflação terá acumulado uma alta de 26,7%, na melhor das hipóteses. Foi de 6,50%, 5,84% e 5,91% respectivamente nos primeiros três anos. Assim, a taxa de inflação desse período deve ser inferior aos 28,20% de variação acumulada do IPCA no primeiro mandato de Lula, mas superior aos 22,21% acumulados no segundo mandato.

Em julho, medida pela variação de 0,01% do IPCA, a inflação ficou abaixo do esperado pelo governo, menor do que o consenso de mercado (0,1%) e bem inferior ao IPCA de junho (0,46%), segundo informações divulgadas pelo IBGE. Apesar do índice de 12 meses até julho estar no teto da meta de 6,5% e, no ano, em 3,76%, o resultado do mês passado é uma boa notícia que abre espaço para o governo começar a colocar os preços da gasolina e do diesel em ordem.

O sinal de que corrigirá os preços dos combustíveis foi dado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando disse, em entrevista, que é uma praxe do governo aumentar os preços dos combustíveis todos os anos. Ou seja, aumentará também em 2014.

"O que o ministro Mantega indicou foi que faremos o aumento, mas não agora", disse uma fonte. O reajuste deverá ocorrer em novembro, após o segundo turno das eleições, tal como ocorreu no ano passado.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, lembrou em entrevista no Rio, na quinta-feira, que o IPCA chegou a 0,92% em março e se caísse para 0,15% em julho a inflação teria sido derrubada para 1/6 (um sexto). O resultado foi melhor do que a encomenda.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, em pronunciamento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, também deu ênfase ao progresso obtido no combate à inflação. Ele destacou a queda nos preços do atacado por três meses seguidos e sublinhou que esse evento só ocorreu em outras três ocasiões: 1998, 2005 e 2009.

O Banco Central já está começando a olhar, na política de controle da inflação, que o copo está meio cheio. Apesar disso mantém os sinais de que a política monetária permanecerá restritiva por algum tempo. A elevação da taxa de juros está e continuará produzindo efeitos sobre a desaceleração dos aumentos de preços. A taxa de câmbio, controlada pelas operações de swap do Banco Central, é um outro elemento que ajudou, além da deflação em alguns itens de serviços.

Com o fim dos jogos da Copa do Mundo, houve deflação nos preços de passagens aéreas e das diárias de hotéis que, juntos, retiraram 0,18 ponto percentual do IPCA do mês passado. Os preços dos serviços, porém, continuam pesando na inflação - com aumento de 8,47% em 12 meses até julho - e não há expectativa que comecem a ceder enquanto houver pleno emprego e aumento dos salários acima da produtividade.


Veículo: Valor Econômico


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