Rio tem a maior inflação do país, de 7,67% nos últimos 12 meses

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A conta de restaurante mais alta, o reajuste de aluguel bem acima da inflação, cabeleireiro, estacionamento, serviços mais caros. As reclamações sobre os preços surreais do Rio estão nas estatísticas. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da região metropolitana do Rio, medido pelo IBGE, vem subindo mais que o das 13 regiões acompanhadas pelo instituto. Nos últimos 12 meses, a inflação está em 7,67%, a maior do país, posição que o Rio ocupa há sete meses, mantendo-se, de forma sistemática, acima da média (6,51%). Na opinião da técnica de Pesquisa e Planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Maria Andreia Parente, o mercado de trabalho mais dinâmico da região metropolitana está na base da inflação maior para os cariocas.

— Uma taxa de desemprego mais baixa e rendimentos mais altos geram um mercado consumidor mais aquecido, e empresas que têm que remunerar melhor os trabalhadores — diz.

A região metropolitana do Rio tem hoje uma das mais baixas taxas de desocupação do país: 3,6% em julho e o maior rendimento, R$ 2.285,60, pelos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de agosto. Para a técnica do Ipea, a volta de investimentos ao estado nos últimos anos, fruto da retomada da confiança empresarial no estado, aliada aos eventos esportivos, teve um efeito positivo sobre o mercado de trabalho, tanto na geração de vagas quanto na alta do rendimento. Maria Andreia estima que os preços devem continuar altos, ao menos, até 2016, quando chegam à maturação investimentos em construção civil e no setor imobiliário.

10% DA RENDA VÃO PARA ALIMENTAÇÃO FORA

Comer fora de casa no Rio está 11,44% mais caro nos últimos 12 meses, o maior reajuste entre as regiões. O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembra que a alimentação fora está relacionada também aos preços de aluguéis, que subiram 13,88%, e às tarifas públicas.

— Cerca de 10% da renda das famílias cariocas vão para alimentação fora, e qualquer aumento tem um impacto muito grande — afirma Braz.

A coordenadora de Índice de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, também lembra o aumento de custos em todo o país:

— Além do próprio custo dos alimentos, outros itens interferem na formação dos preços. Há a energia elétrica, os salários que vêm subindo acima da inflação e a própria demanda. Pela conjuntura, a demanda é forte sobre o setor.

Entre julho e agosto, a refeição fora de casa foi o item de maior peso na inflação do Rio. Avançou 1,8% e respondeu sozinho por 28% do índice no mês. O professor Lúcio Telles come fora todos os dias e já percebeu os preços cada vez mais altos.

— É evidente que comer fora de casa está ficando cada vez mais caro. O preço está subindo aos pouquinhos. Sou sozinho e não tenho empregada. Vale mais a pena comer na rua, mesmo sentindo no bolso o aumento do preço — diz Telles.

O comerciário Márcio Paulo foi outro que sentiu a alta dos preços, mas não abriu mão do hábito.

— De uns meses pra cá, está ficando bem mais puxado em relação ao ano passado. Eu almoço fora de casa por opção. É o momento que eu tenho para me desligar um pouco do trabalho — afirma Paulo.

Segundo Darcílio Junqueira, superintendente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), os custos estão muito altos, e a Copa do Mundo frustrou as expectativas:

— Está sendo um ano difícil. A Copa foi boa só para bares de uma certa região da cidade, excetuando a Avenida Atlântica, Ipanema e Tijuca, no geral, tivemos perdas.

AINDA FALTA REAJUSTAR A ENERGIA ELÉTRICA


E a alimentação fora não é o único peso nos serviços. No Rio, conserto e manutenção e empregado doméstico sobem 19,88% e 12,64%, respectivamente. Sobre as domésticas, Braz vê também o efeito da melhora no mercado de trabalho.

— Quanto mais aquecido o mercado de trabalho, mais difícil manter a doméstica, que prefere ir para outras profissões. Quem fica, se beneficia de salários maiores — explica Braz.

O economista da FGV diz que, como o Rio aumentou a tarifa de ônibus, a inflação aqui ficou mais alta. Mas Maria Andreia, do Ipea, lembra que em novembro a Light reajustará a tarifa de energia elétrica, o que deve pressionar ainda mais a inflação em 12 meses. Essa tarifa já começou a subir em várias regiões metropolitanas.



Veículo: O Globo - RJ


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