Natal deste ano deve ser o pior dos últimos 10 anos

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Com inflação e juros elevados corroendo a renda das famílias, lojistas preveem o menor avanço no período



Nada de gastança com presentes caros ou de fartura de comida e bebida à mesa. Para muitos brasileiros, este será o Natal da austeridade. As previsões dos empresários e de entidades de varejo são de que as vendas da data festiva avancem em 2014 apenas 3%, o menor ritmo em 10 anos. Como consequência, quem pensava em contratar trabalhadores temporários ou aumentar o volume dos estoques esperando dias melhores deverá mudar de ideia. “O lojista que acha que vai vender mais neste ano certamente se decepcionará”, avisa o economista Bruno Fernandes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC). “Na melhor das hipóteses, teremos um Natal apenas moderado”, reforça.

Em tempos de escassez de vendas, sobrará para o trabalhador. A entidade calcula que o emprego temporário neste fim de ano terá alta de apenas 0,8%, o menor desempenho desde 2009, quando o Brasil e o mundo ainda tentavam conter os estragos da crise econômica global, após a quebra do banco Lehman Brothers, em 2008. Há outra semelhança entre os dois períodos. Naquele ano, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,3%. Neste, na melhor das previsões, deverá avançar 0,3%, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os números da macroeconomia são sentidos no bolso do brasileiro. A escalada da inflação e dos juros ao consumidor, que estão no maior patamar em três anos, levou as famílias a apertarem o cinto. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou alta de 6,75% ao ano, nos últimos 12 meses até setembro, as taxas médias cobradas nos financiamentos às pessoas físicas chegaram a 43,2% em agosto, segundo o Banco Central.

Esses valores referem-se apenas às operações com recursos livres, que não incluem o crédito imobiliário, o rural e o direcionado a investimentos, negociado principalmente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Como os bancos estão fechando a torneira do crédito, para uma grande parte das famílias o que resta é buscar linhas emergenciais, de custo muito elevado. Em agosto, o juro médio cobrado nessa modalidade chegou a 172,8% ao ano — o maior desde 2008.



Veículo: Diário de Pernambuco


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