Desempenho fraco voltou a aparecer, mas governo confia em reação para fechar o ano com número positivo entre exportações e importações
A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 1,177 bilhão em outubro, o pior para o mês desde 1998 – quando somou US$ 1,443 bilhão. O resultado foi divulgado ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No acumulado do ano, o déficit da balança comercial está em US$ 1,87 bilhão.
Após oito meses no vermelho, a balança comercial havia ficado positiva em agosto graças à exportação “artificial” de uma plataforma de petróleo da Petrobras. Trata-se de uma operação legal, mas só contábil, já que o equipamento não chega a sair do país. Sem isso, o Brasil registrou déficit em setembro e outubro, pois o desempenho fraco no Exterior voltou a aparecer.
Em outubro de 2013, a venda de uma plataforma produzida em Rio Grande para uma subsidiária da Petrobras com sede no Exterior, engordou a balança comercial em US$ 2 bilhões. Autorizada pelas normas internacionais de comércio, a operação não se repetiu em outubro deste ano.
Além das vendas externas de manufaturados, também houve no mês queda em óleos combustíveis, automóveis de passageiros e aviões. O grupo de básicos teve retração de 15,4%, queda puxada por soja em grão, minério de ferro, milho em grão e minério de cobre. Nos semimanufaturados, houve recuo de 1%, principalmente por conta de óleo de soja bruto, ouro em forma semimanufaturada e açúcar em bruto.
QUEDA EM NEGÓCIOS COM ARGENTINA FOI DE 35,9%
As vendas brasileiras em outubro para a União Europeia caíram 40,4%, recuo explicado principalmente pela plataforma de petróleo embarcada no ano passado. As exportações para a Ásia tiveram queda de 25%, sendo que, para a China, decresceram 43,8%. Para o Mercosul, o recuo foi de 22,2% e, para Argentina, de 35,9%. Os embarques no mês passado para os Estados Unidos caíram 0,3%. Apesar do resultado, analistas do mercado financeiro, consultados pelo Banco Central para o boletim Focus, ainda estimam superávit comercial de US$ 2 bilhões em 2014.
Secretário de Comércio Exterior do MDIC, Daniel Godinho também disse manter para este ano previsão de superávit comercial. Mas destacou que é preciso esperar o resultado da balança em novembro, que será decisivo para confirmação dessa expectativa.
Segundo o secretário, dezembro é um mês tradicionalmente superavitário, visto que há um esforço do lado das exportações para fechamento de contratos e diminuição de estoques e costuma-se registrar menor importação de insumos por causa da produção industrial menor no começo do ano.
Godinho também acredita que deve haver uma melhora na chamada conta-petróleo, principalmente por conta do aumento da produção e das exportações.
O secretário avaliou ainda que dois fatores em 2014 tiveram um desempenho divergente do esperado: a queda de preços internacionais mais acentuada que o previsto e a redução forte na demanda da Argentina, terceiro parceiro comercial e principal comprador de manufaturados brasileiros.
Veículo: Zero Hora - RS