Segmento alimentício está longe de crise

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Alta da inflação e a retração econômica não reduzem o consumo de produtos de necessidade básica

 



Ao contrário de vários setores, o segmento alimentício não sabe o que é crise. Além de os alimentos serem bens de consumo de necessidade básica, que não permitem o adiamento de compras mesmo em um cenário de alta na inflação e retração da economia, tanto a indústria alimentícia quanto as redes varejistas têm investido em produtos de maior praticidade e mais saudáveis, mais adequados às tendências atuais.

Frente ao aumento da inflação e dos custos, os supermercados mineiros, por exemplo, têm apostado na gestão de qualidade, na criatividade e no aproveitamento de oportunidades. "Os custos são inerentes a qualquer empresa. Tem que haver gestão e estar atento. Os supermercados estão aproveitando a oportunidade para oferecer produtos diferenciados e facilidades para o consumidor com base no aumento do poder aquisitivo e no avanço e inovações da indústria", destaca o presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Poni.

Além disso, os supermercados têm, cada vez mais, seguido uma tendência atual de investir nas chamadas lojas de bairros, mais próximas aos clientes, portanto, mais práticas, como afirma o presidente da Amis. De acordo com projeções da entidade, em 2015, o setor supermercadista mineiro deve abrir pelo menos 70 unidades, a maior parte em pequenas lojas. "O setor vai continuar investindo em 2015 e não quer participar desta crise", ressalta Poni.

Os investimentos previstos para 2015 devem chegar a aproximadamente R$ 300 milhões, incluindo a reforma de 75 lojas. Se as projeções da entidade forem confirmadas, serão gerados mais 8 mil postos de trabalho, que serão somados aos 166 mil já existentes. O número de lojas passará dos atuais 6.970 mil para 7.040 mil ao final de 2015.

Em 2014, os supermercados mineiros devem fechar o exercício com um crescimento de 2,5% em relação a 2013, o que indica um faturamento da ordem de R$ 27,7 bilhões, além de investimentos próximos de R$ 340 milhões. Ao todo ao longo do ano foram gerados cerca de 10 mil empregos diretos.

Praticidade -
Na indústria alimentícia os resultados também são positivos. Na mineira Forno de Minas, por exemplo, com unidade industrial em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o crescimento do faturamento em 2014 é estimado em 30% em relação ao registrado em 2013. A receita para o sucesso está baseada em produtos com qualidade, praticidade, saudáveis e com gostinho de "feito em casa", como destacou o presidente da empresa, Helder Mendonça.

"Temos investido em novos produtos mais saudáveis e práticos, que são duas tendências muito fortes hoje. Além disso, tentamos ser uma indústria de alimentos com produtos caseiros. Acreditamos que o consumidor tende a buscar produtos com gosto de feito em casa", explica Mendonça.

"Nesse cenário mais recessivo, a compra de bens duráveis pode ser adiada, mas a alimentação não", argumenta o empresário. Ele lembra que as refeições em bares e restaurantes também ficaram mais caras e o consumidor tem optado em fazer compras e se alimentar em casa. "De forma geral, acho que o setor alimentício não tem enfrentado a crise por causa disso", avalia.

A Forno de Minas chegou a ser vendida, em 1999, para a norte-americana General Mills, mas foi readquirida por cerca de R$ 55 milhões pela Laticínios Condessa em maio de 2009. A empresa foi fundada pela família Mendonça, a partir de uma receita caseira de pão de queijo. Atualmente, a Forno de Minas tem um mix de 90 produtos, distribuídos em hotéis, bares, restaurantes, cafeterias e supermercados. Considerando apenas o varejo, são 25 itens da marca.


Produtividade - A mineira Plena Alimentos, com sede e fábrica na capital mineira, também é outro exemplo de como a indústria alimentícia vem vencendo a recessão. Focada em produtividade, a empresa deve fechar 2014 com um crescimento de 31% em relação a 2013 em termos de receita. Entre medidas adotadas para melhorar a produtividade estão a compra de equipamentos e a qualificação dos recursos humanos.

"A estratégia é produzir mais com a mesma quantidade de pessoas. Conseguimos isso com a melhoria do capital humano e com as máquinas certas", enfatiza o diretor comercial da empresa, Roberto Antônio de Oliveira. Conforme já informado, a Plena pretende investir R$ 25 milhões neste ano em melhorias na infraestrutura e em ações de marketing com objetivo de aproximar ainda mais a marca do consumidor.

A Plena tem forte atuação em todo o país, mas o principal mercado está concentrado na região Sudeste, com destaque para Minas Gerais. O Estado é responsável por 60% da receita total. A empresa processa, em média, 500 toneladas de carne por dia e o carro-chefe é representado pela linha Chef, que inclui cortes utilizados em receitas mais requintadas. Os demais produtos se dividem entre as linhas Premium, Angus, Búfalo e Porcionados.

Além da unidade na Capital, a Plena tem outras três plantas no Estado, localizadas em Contagem, na RMBH, Araguari, no Triângulo Mineiro, e Pará de Minas, na região Central.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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