Com racionamento de água e energia, PIB poderá cair até 2%

Leia em 3min 30s

A falta de energia e de água pode agravar o quadro recessivo da economia brasileira esperado para este ano. A queda no Produto Interno Bruto (PIB) projetada por economistas inicialmente em 0,5% para 2015 pode chegar a 1,8%, só por causa de um racionamento de energia, segundo a consultoria Tendências. Já a equipe de economistas do banco Credit Suisse considera um recuo de até 1,5% no PIB com o problema energético. Se for levado em conta também um corte no abastecimento de água, o recuo será ainda maior, podendo chegar a 2%, afirma Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências.

O impacto de um racionamento de água na atividade é um cenário novo para traçar projeções, pois não se sabe quanto as empresas do setor de serviços, que responde por 67% do PIB, consomem de água, observa Alessandra. Na indústria, existem alguns parâmetros. Para fabricar um carro e uma calça jeans, por exemplo, são gastos 400 mil litros e 17,2 mil litros de água, respectivamente.

Nas últimas semanas, a situação do abastecimento de água complicou para as indústrias de São Paulo, Rio Janeiro e de Minas Gerais. O governo do Rio se reuniu com grandes indústrias, como Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau e Furnas e determinou que elas comprem água de reúso para liberar mais água do Rio Guandu para a população.

Em São Paulo, a Agência Nacional de Águas e o Departamento de Águas e Energia Elétrica determinaram que as indústrias que captam água das bacias dos rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia reduzam em 30% o consumo diário após o reservatório do Sistema Cantareira ficar abaixo de 5%.

Em Minas, o governo convocou os empresários da Região Metropolitana de Belo Horizonte a reduzirem o consumo em 30% dentro de 90 dias. Segundo o gerente de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Wagner Soares Costa, a medida afetará 15 mil pequenas indústrias, que não têm captação própria.

Impacto. Em São Paulo e no Rio, as medidas de redução de consumo afetarão 60% das indústrias, calculam a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O impacto é considerável, já que as indústrias paulista e fluminense respondem por 7,5% do PIB do País.

Pesquisa feita pela Firjan no fim de 2014 mostrava que três em cada dez indústrias já estavam sendo afetadas pela escassez de água. Neste mês, o problema foi ampliado, mas a entidade não tem nova sondagem. Entre as empresas afetadas, 6% demitiram por causa de dificuldades na produção e 1,3% deram férias coletivas.

Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente da Firjan, diz que 3,8 mil empresas estão às margens do Rio Paraíba do Sul, que está com 2,5% de nível de água. Essas empresas respondem por 65% do PIB do Estado e empregam 35 mil pessoas. "Algumas têm mais e outras menos dependência de água e é certo que várias serão afetadas."

Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, empresas que respondem por 56% do PIB industrial paulista (cerca de 40 mil estabelecimentos que empregam 2 milhões de pessoas), estão sob risco. "A situação é gravíssima e vai afetar fortemente todos - indústria, comércio, agricultura, população -, mas ainda não é possível medir esse impacto." Ele não descarta, contudo, a possibilidade de, num cenário crítico, empresas terem de parar a produção.

"É o resumo da falta de obras, falta de transparência, de providências em tempo certo e agora quem vai pagar o pato é a sociedade", afirma Skaf.

A preocupação com racionamento afetou as expectativas da indústria. Sondagem da Indústria de Transformação da FGV mostra que em janeiro o índice de expectativa de negócios para seis meses caiu para um nível próximo de 100 pontos, que é muito baixo em termos históricos, observa o superintendente da FGV, Aloisio Campelo. "Esse resultado tem a ver com muitos fatores: desde a expectativa de que a demanda continua enfraquecida até preocupação com riscos de racionamento de água e de energia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo



Veículo: A Tarde - BA


Veja também

País deve movimentar R$ 6,6 bilhões durante o período de carnaval

Rio de Janeiro deve ter 456 blocos de rua e desfiles no sambódromo   Tradicional festa brasileira, o carna...

Veja mais
Inflação dentro da meta fica para 2016, aponta a ata do Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou a mensagem de convergência da infla&cce...

Veja mais
Preços agropecuários sobem 1,35% em janeiro, diz a FGV

Os preços dos produtos agropecuários no atacado subiram 1,35% em janeiro, após avançarem 1,2...

Veja mais
Inflação deve superar o teto da meta em 2015, diz FGV

A alta dos preços administrados, o aumento das tarifas de transporte e uma provável pressão sobre o...

Veja mais
Governo confirma alta de imposto da gasolina

O governo confirmou, no Diário Oficial da União, o aumento das alíquotas de PIS e Cofins em R$ 0,22...

Veja mais
Tarifas e alimentos puxam IGP-M; atacado aponta desaceleração em fevereiro

    Veículo: Valor Econômico...

Veja mais
Supermercados registram menor expansão em 8 anos

      Veículo: Valor Econômico...

Veja mais
Diferença entre primeiro e último atacado foi de R$ 7,39 em Teresina, diz pesquisa

A pesquisa desta semana revela que os preços de alguns itens  dos principais atacadistas da cidade apresenta...

Veja mais
Preços em São Paulo devem fechar o mês com alta de 1,60%

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Eco...

Veja mais