Consumidores não apareceram
Levantamento da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) confirmou o fracasso das vendas do varejo em Belo Horizonte no primeiro mês de 2015, quando nem mesmo as liquidações foram capazes de alavancar os negócios no início do ano. Segundo 44,8% dos empresários entrevistados, as vendas do mês passado ficaram bem abaixo de janeiro de 2014. Para contornar a situação, 76,3% vão continuar a temporada de liquidações em fevereiro, número superior aos 67,6% dos que realizaram alguma promoção em janeiro.
De acordo com o economista da Fecomércio Minas Caio Gonçalves, o desempenho do comércio pode ser atribuído à combinação do atual cenário econômico nacional com o maior endividamento da população belo-horizontina. "Pesquisa anterior já mostrou que as pessoas estão mais endividadas. A inflação subiu, assim como os juros. E esse período do ano conta com pagamento de tributos e matrículas escolares e nem todos estão preparados para tamanho impacto no orçamento", diz.
Conforme a Federação, para 44,8% dos empresários as vendas em janeiro de 2015 diminuíram frente ao mesmo mês de 2014, enquanto apenas 22% dos empresários conseguiram aumentar o faturamento no mesmo tipo de confronto e 29,2% apresentaram o mesmo desempenho. Já quando levado em consideração o nível das vendas do primeiro mês de 2015 sobre as de dezembro do exercício passado, 65,5% dos lojistas registraram baixa nos negócios, 15,6% tiveram alta nas vendas e 18,9% empataram.
Além disso, a saúde do fluxo de caixa em janeiro foi melhor do que em dezembro para 24% dos empresários. Para 29,2% a situação financeira foi igual ao mês anterior. Para 46,8% foi pior. Dessa maneira, 60,5% responderam que fecharam janeiro com o estoque no ponto ideal. Enquanto isso, 24,7% encerraram o mês com o estoque acima do esperado e o percentual de empresários que ficaram com estoque abaixo do ideal foi de 18,4%.
Diante dos fatos, segundo o economista, os lojistas darão continuidade à estratégia de liquidações no decorrer deste mês. Por isso, ele lembra que é a hora do consumidor ficar atento às oportunidades de aliar preço e qualidade, otimizando o poder de compra, enquanto o lojista deve aproveitar o momento para girar os estoques, estimulando as vendas por impulso, de maneira a fortalecer o caixa da empresa.
"Apoiados principalmente nesta estratégia, 45,8% dos empresários entrevistados acreditam que o faturamento em fevereiro será melhor do que o de janeiro. No entanto, vale destacar que eles seguem pessimistas, já que no mesmo período do ano passado esta aposta atingia 70% dos empresários do setor", explica Gonçalves.
Neste sentido, o economista destaca também que as medidas macroeconômicas adotadas pelo governo são de respostas de médio e longo prazos. Por isso, talvez, o otimismo do empresário quanto à situação do seu negócio melhora quando estipulado um período maior. Prova disso é que em janeiro, 69,9% afirmaram acreditar na melhora do faturamento nos próximos seis meses.
"Mesmo sendo um índice pouco abaixo do apurado em dezembro (73,8%), esse percentual é considerado positivo. aquela situação: no momento eu não tenho muitas saídas, recorro às promoções, mas em um prazo maior as condições estarão melhores e meu negócio vai acompanhar", explica.
Veículo: Diário do Comércio - MG