Economistas e analistas desafiaram ontem o novo diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira da Silva, a explicar como a autoridade monetária conseguirá fazer a inflação convergir para o centro da meta, ou 4,5%, em 2016
Realizada no Rio de Janeiro, esta foi a primeira reunião de Awazu com analistas do mercado financeiro como diretor de Política Econômica, cargo que passou a ocupar no último dia 5 de fevereiro em substituição ao antecessor Carlos Hamilton Araújo, que deixou a instituição.
Estes encontros acontecem a cada três meses e servem para que a autoridade monetária colha as impressões dos analistas em relação à atividade econômica, inflação e cenário internacional. As informações são usadas para auxiliar na redação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Os analistas foram para cima de Awazu alegando que não acreditam na possibilidade de a autoridade monetária levar a inflação para 4,5% no próximo ano. Eles disseram que, se de fato o BC acredita que pode fazer com que a inflação convirja para este nível, a instituição precisa demonstrar de forma convincente como isso será feito.
Segundo um economista que participou do encontro, desta vez não houve, entre os analistas, fortes discussões, numa sinalização clara de que todos estão convictos que o ano de 2015 será bastante difícil para a economia brasileira.
"Está todo mundo extremamente pessimista com a atividade e preocupado com a inflação. Inclusive muitos não acreditam que a meta de 4,50% será alcançada em 2016", contou, acrescentando que a mediana das projeções deste encontro para a inflação em 2015 ficou na faixa de 7,30%, na comparação com 6,56% na reunião passada, ocorrida em novembro. Para 2016, disse a mesma fonte, a previsão passou de 5,61% para 5,57%.
"Pediram mais transparência na comunicação, a fim de saberem o quão a meta é crível de ser atingida, já que há vários choques de oferta", disse. "Querem que o BC aprofunde mais o assunto no próximo RTI", reforçou outro participante do encontro.
Em relação à atividade econômica, a percepção entre os analistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) fechou 2014 no campo negativo. A estimativa passou de um crescimento de 0,8% para recuo de 0,20%. O resultado será conhecido em março.
Awazu ouviu ainda dos analistas que não se pode descartar o risco de uma queda mais intensa do PIB. Para eles, o declínio será acima de 1%, podendo encostar em 1,5% se for efetivado o racionamento de energia e também por causa de recuo nos investimentos, em razão da Operação Lava Jato. /Estadão Conteúdo
Veículo: DCI