Lojistas de BH já sentem queda nas vendas

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Consumidor mudou o comportamento na hora das compras com alta da inflação e dos juros, e queda da renda

 



Os lojistas de Belo Horizonte já estão sentindo as mudanças do comportamento do consumidor na hora das compras. Com a alta da inflação e dos juros, e a conseqüente diminuição da renda, cada vez mais os clientes estão alterando seus hábitos ao adquirirem produtos que não sejam de primeira necessidade, como calçados, roupas, acessórios ou cosméticos. Entre as mudanças estão pagamentos parcelados, redução do volume de compras e até mesmo do tíquete médio gasto. Na outra ponta, a valorização do dólar frente ao real tem elevado a preferência por itens nacionais.

De acordo com o proprietário da rede de artigos esportivos Arquibancada, Ewerton Starling, a principal alteração em seu negócio é quanto à forma de pagamento adotada pela maioria dos clientes. Segundo ele, somente em março, as vendas à vista, ou seja, com pagamentos no dinheiro ou no cartão de débito, caíram 9% em relação ao mesmo período do ano passado.

"Os consumidores estão preferindo parcelar as compras. Para se ter uma ideia, dividimos em até seis vezes e, se antes 80% das vendas eram feitas em no máximo três vezes, agora a maior concentração é observada nas cinco parcelas", explica.

Com isso, conforme Starling, o fluxo de caixa da empresa tem ficado comprometido. O que ele tem tentado fazer é negociar o parcelamento também junto aos fornecedores. Mas isso nem sempre tem sido possível. "Com algumas marcas estamos tendo mais dificuldade em negociar, até mesmo pela alta procura de seus produtos. Mas, para eles também está difícil", pondera.

Em relação ao fluxo de vendas, o proprietário da rede, que conta com oito lojas nos shoppings de Belo Horizonte, afirma que segue no mesmo ritmo do ano passado. "Já esperávamos que seria assim em função do cenário econômico", diz.


Vestuário -
Na Via Veneto, especializada em roupas masculinas e presente em três centros de compras da cidade, a situação é um pouco mais delicada. De acordo com o gerente de uma das lojas, Luiz Rogério Fernandes, neste mês as vendas já estão cerca de 20% menores do que em igual época de 2014. Os motivos, conforme ele, começam pela própria mudança do comportamento do consumidor.

"O fato de as pessoas estarem comprando menos já é uma dessas alterações. Ninguém quer arriscar, gastar além do que precisa ou do que tem no bolso, diante da situação que vive o país", explica.

Assim, observa-se uma diminuição no volume de compras. Segundo ele, consumidores que antes compravam oito ou dez peças por vez, agora estão se limitando a no máximo três. O tíquete médio também caiu, conforme o gerente, aproximadamente 90%.

"O único lado positivo disso tudo é a alta do dólar, porque as pessoas não estão indo tanto para o exterior e acabam comprando suas roupas aqui. Porque grande parte dos nossos clientes viaja bastante para fora e adquire roupas lá", justifica.


Cosméticos -
Da mesma forma, o franqueado da marca de dermocosméticos Adcos, Guerra Filho, aponta a diferença entre a moeda brasileira e a norte-americana como um ponto favorável do atual cenário. Neste sentido, ele destaca que o aumento do dólar tem favorecido a preferência pelos produtos nacionais.

"Muitos dos nossos clientes fazem uso de cosméticos estrangeiros. Mas, algumas vezes ele gastam mais e não obtêm nenhum resultado tão satisfatório, porque o produto não foi feito para aquele tipo de pele especificamente. Já o nosso é elaborado a partir das características de quem vive aqui", enfatiza.

Mas, apesar do benefício com a valorização do dólar, Guerra Filho admite que o atual cenário tem trazido muitos pontos negativos. A principal delas, de acordo com ele, diz respeito a mudança do comportamento do consumidor na hora de ir às compras.

"Determinados clientes que compravam um volume maior de produtos, agora preferem dividir ou deixam de comprar naquela quantidade. Os que dividem, adquirem alguns no início do mês e outros no fim, com o objetivo de parcelar o pagamento em diferentes faturas do cartão de crédito. Todos com dificuldades em manter o ritmo de compras anterior", admite.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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