Inflação se afasta ainda mais da meta

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No acumulado em 12 meses até março, o IPCA-15 foi para 7,90%, o maior desde maio de 2005, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE)

 



Energia elétrica, alimentos e combustíveis foram os itens que mais pesaram no bolso do consumidor brasileiro, pelo menos na primeira metade deste mês, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). Juntos, esses componentes foram responsáveis por 77,42% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de março, cuja taxa foi de 1,24%. No acumulado em 12 meses, o índice foi para 7,90%, o maior desde maio de 2005 (8,19%). Em março de 2014, o indicador havia sido de 0,73%.

Individualmente, com 0,35 ponto percentual de impacto, coube às contas de energia elétrica a liderança no ranking dos principais impactos, segundo o IBGE.

A forte elevação de 10,91% ocorrida nas contas refletiu reajustes que passaram a vigorar a partir do dia 2 de março. Tanto na bandeira tarifária vigente, a vermelha, que aumentou 83,33% ao passar de R$ 3 para R$ 5,50, quanto nas tarifas, tendo em vista a aplicação de reajustes extraordinários.

No mês, a maior variação foi em Curitiba, de 14,89%, cujo reajuste extraordinário foi de 31,86%. Por outro lado, neste estado, as variações de ônibus urbano (10,95%) e combustíveis (8,52%) também pesaram na inflação.

Preços administrados

Após subirem 2,90% no IPCA-15, divulgado na última sexta-feira, os preços administrados devem intensificar a alta e fechar o mês com elevação de 4,0%. A projeção é do economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano.

"A gente espera uma aceleração no fechamento do mês, com intensificação do preço de energia elétrica, com alta perto de 26% em março, o que vai ter um impacto importantíssimo na dinâmica do IPCA", disse. A projeção do Besi é que o índice oficial de inflação encerre o mês com alta de 1,40%.

No entanto, já em abril, os preços controlados devem desacelerar para alta de 1%, aliviando o IPCA, que deve fechar o quarto mês do ano com taxa positiva de 0,60%. Abril marca o início de um período de arrefecimento na alta de preços. "Nós esperamos que a trajetória seja de desaceleração intensa até agosto", diz Serrano, projetando que o IPCA seja de cerca de 0,45% em maio, e chegue à casa dos 0,30% nos meses de junho, julho e agosto.

Mesmo com a desaceleração importante na inflação até o meio do ano, em 2015 o IPCA deve ficar entre 7,5% e 8,0%. "Este número, de 8%, não é bom porque chama a atenção, deteriora o poder de compra dos consumidores. Mas este é um ano atípico", pondera.

Para o economista sênior do Besi Brasil, apesar de a alta mais intensa já ser esperada para este ano, em 2016 o IPCA deve retornar para níveis abaixo do teto da meta, de 6,5%. A projeção dele é que a inflação oficial recue para 5,8% no fim do ano que vem.

Previsão

Com a divulgação do IPCA-15 deste mês, o diretor da GO Associados, Fábio Silveira, prevê que a inflação se manterá encostada em 8% no acumulado do ano por pelo menos mais quatro meses.

De acordo com o analista, são muitos os fatores que concorrem para a permanência da inflação em marcas elevadas. Começa pelo fato de as taxas de inflação mensais no segundo semestre de 2014 já terem sido altas. Outro motivo listado por Silveira entre os que não contribuem para o arrefecimento da inflação é que a elevação da taxa básica de juros, a Selic não atua no foco da pressão inflacionária atual. "Aumento de juro não combate elevação de preços administrados e alta de produtos agrícolas por consequência de choques climáticos", disse o diretor da GO Associados.

Também entram na lista fatores como a desvalorização cambial. "Então temos por um lado o fato de os juros não conseguirem combater efeitos de reajustes de preços administrados e do outro, uma alta exagerada do câmbio. E essa alta do dólar será repassada para os preços dos produtos comercializáveis não duráveis e duráveis", afirmou /Agências




Veículo: DCI


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